Mineiro com câncer terminal obtém resultado “inacreditável” com tratamento inédito

No tratamento, os médicos habilitam as células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores que conseguem reconhecer as células do tumor

Por Plox

11/10/2019 12h10 - Atualizado há mais de 4 anos

Familiares do funcionário público aposentado, Vamberto Castro, de 62 anos, estão se sentindo aliviados. O mineiro, de Belo Horizonte, diagnosticado com câncer terminal, obteve uma melhora “inacreditável“ após um tratamento em caráter experimental, usando uma técnica inédita no Brasil e na América Latina.

O aposentado foi acolhido pelo Centro de Terapia Celular do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas da cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo.

O aposentado ganhou alta e deve ser acompanhado pelos próximos cinco anos pela equipe médica.

Foto: divulgação/HCFMRPWhatsApp Image 2019-10-11 at 12.05.09O aposentado Vamberto Castro e a equipe médica no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Em entrevista a um canal de televisão de Ribeirão Preto, a esposa do aposentado, Rosemary Castro, disse que a família passou momentos de muita apreensão e já estavam sem esperanças, quando tomaram conhecimento da técnica experimental e inovadora. Segundo os médicos, seu marido tinha menos de um ano de vida.

Ele já havia passado por tratamentos de quimioterapia e radioterapia e não tinha obtido resultados até o momento em que foi incluído na pesquisa dos médicos de Ribeirão Preto.

A técnica usada pelos profissionais de saúde é chamada CART-Cell, e se baseia na ideia de fazer a manipulação de células do sistema imunológico do paciente e, assim, essas células vão combater as células causadoras do câncer.

De acordo com os médicos, já, em apenas quatro dias de tratamento, Vamberto deixou de sentir as dores causadas pela doença e com uma semana já estava caminhando. 

A terapia adotada  por pesquisadores da USP teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado São Paulo e também do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Eles adotaram a técnica, que já que já é utilizada na Europa, na China, nos Estados Unidos e no Japão, mas desenvolveram uma forma própria de aplicação. 

Foto: Hugo Caldato/Hemocentro de Ribeirão Preto-SP​​​​​​​WhatsApp Image 2019-10-11 at 12.07.03Vamberto,  de 62, anos, sofria de um linfoma terminal e teve uma melhora surpreendente.

No tratamento, os médicos habilitam as células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores que conseguem reconhecer as células do tumor. Assim, os linfócitos começam a combater essas células.

Os médicos esperam que, rapidamente, esse tratamento possa ser disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, antes disso, é preciso ter uma regulamentação da Anvisa.  Eles se preparam para apresentar relatórios de 10 novos pacientes, que também estão sendo tratados com a nova técnica.

Como funciona
Na técnica usada para tratar o aposentado de Minas Gerais, os cientistas modificam o DNA de um vírus, Depois, esse vírus, que teve seu DNA modificado, é usado para infectar células de defesa do próprio paciente, que são retiradas pelos médicos.

Os  materiais genéticos da célula retirada do paciente e do vírus se misturam e criam “um novo DNA”,  Com esse novo DNA, a célula de defesa passa a produzir uma estrutura que consegue identificar as células do tumor. Essas células de defesa são multiplicadas em laboratório para se obter uma grande quantidade delas.  Em seguida, os médicos têm que fazer uma pausa no sistema imunológico do paciente para que o corpo deixe essas novas células alteradas atuarem no organismo, que, agora, terá a capacidade de reconhecer o tumor e também de lutar contra ele

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