Caos no hospital do Ipsemg expõe crise na saúde pública em Minas Gerais

Superlotação e falta de higiene marcam o atendimento no centro de Belo Horizonte

Por Plox

01/04/2024 21h35 - Atualizado há 4 meses

No coração de Belo Horizonte, no Hospital Governador Israel Pinheiro (Ipsemg), pacientes enfrentam uma situação alarmante. Eles são obrigados a compartilhar um corredor apertado, lotado de macas e cadeiras, onde médicos e enfermeiros mal conseguem se movimentar. A instituição, que atende servidores estaduais aposentados e suas famílias, está mergulhada em uma crise profunda, exacerbada pela pior epidemia de dengue já registrada no estado. Apesar disso, cerca de 80 leitos permanecem vazios nos andares superiores.

Foto: Reprodução de vídeo / Arquivo pessoal

 

relatos de desumanização

Um idoso de 86 anos, diagnosticado com pneumonia, tornou-se símbolo da precariedade do local. Seu filho, cuja identidade foi preservada, compartilhou o tormento vivido ao ver o pai internado sob uma escada, lutando contra a poeira que agrava seu estado. "É muita humilhação," desabafou, destacando que a maioria dos pacientes no corredor são idosos.

A angústia se estende a todos no hospital - pacientes, acompanhantes e funcionários. Um relato chocante veio de uma mulher com dengue, forçada a deitar-se no chão devido à falta de assentos adequados, apesar dos riscos de infecção.

condições precárias

A falta de higiene é outra face grave do problema. Com apenas dois banheiros disponíveis, muitos optam por não tomar banho para evitar a exposição a mais riscos, ressaltando a gravidade da situação.

a voz dos profissionais

Antonieta Dorledo, presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, confirma que a superlotação é resultado direto da escassez de profissionais. Ela aponta para a discrepância entre o número de trabalhadores e a vasta demanda dos beneficiários. "Faltam médicos, enfermeiros, técnicos... Estamos todos no limite," disse, criticando os baixos salários que afastam os profissionais.

testemunho de um servidor

Misael Cangussu, um servidor público de 35 anos, experimentou a realidade desoladora do hospital após ser internado devido a uma desidratação severa. Ele descreveu a demora no atendimento e a mistura perigosa de pacientes com condições contagiosas como Covid e dengue, o que o deixou temeroso por sua saúde já fragilizada.

solidariedade em tempos difíceis

Em meio ao caos, histórias de solidariedade surgem. Familiares de pacientes, como o filho do idoso de 86 anos, tornam-se apoios fundamentais não apenas para seus entes queridos, mas para outros pacientes necessitados.

um clamor por mudança

A solução para a crise no Ipsemg passa pela realização de concursos públicos e a reformulação do plano de carreira dos profissionais, segundo Dorledo. A escassez de profissionais não é um problema exclusivo do Ipsemg, mas uma questão nacional, agravada pela falta de um plano de carreira atrativo, como destacou o médico Jackson Machado.

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