Crise na Argentina: Brasil estuda criação de linha de crédito para auxiliar país vizinho

A Argentina sofreu uma queda de 40% nas exportações devido à seca, representando uma perda de aproximadamente US$ 17 bilhões

Por Plox

01/05/2023 19h33 - Atualizado há cerca de 2 anos

Em meio à crise econômica que afeta a Argentina, o Brasil analisa a possibilidade de estabelecer uma linha de crédito de exportação para auxiliar o país vizinho. Essa medida permitiria que empresas brasileiras vendessem serviços e mercadorias para companhias argentinas, mesmo diante das restrições existentes nos balanços de pagamentos da Argentina, segundo explica Gabriel Galípolo, secretário executivo do Ministério da Fazenda.

Impacto da seca e desvalorização do dólar

A Argentina sofreu uma queda de 40% nas exportações devido à seca, representando uma perda de aproximadamente US$ 17 bilhões. A desvalorização do dólar também agravou a situação econômica do país. Para o Brasil, a criação dessa linha de crédito é relevante, pois há 210 empresas que mantêm relações comerciais com a Argentina, principalmente em setores de maior valor agregado.

Galípolo afirma que "existe um comércio entre Brasil e Argentina feito pela moeda de um terceiro país", ressaltando as dificuldades na conversibilidade da moeda. Ele explica que as linhas de exportação pagam diretamente as empresas brasileiras, mas o risco associado à conversão entre pesos e reais é uma preocupação.

Perda de espaço no comércio para a China

Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu cerca de US$ 6 bilhões em espaço no comércio para a China, que tem oferecido mecanismos de financiamento e alternativas de meios de pagamento. Segundo o secretário, o desafio é resolver essa questão em um comércio que utiliza o dólar como moeda intermediária.

Possível envolvimento do Banco dos Brics

Como Brasil e China são os principais parceiros comerciais da Argentina, é possível que haja algum auxílio vindo do New Development Bank, o "Banco dos Brics", presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff. A governança do banco envolve cinco países, e a discussão se concentra nas restrições que a Argentina enfrenta no acesso a meios de pagamento aceitos no comércio internacional.

Embora Galípolo não tenha confirmado o envolvimento do Banco dos Brics, ele afirmou que o Brasil está em diálogo com "todos os bancos multilaterais sobre a questão da Argentina" e ressaltou a importância de ter a China como parceira nessas conversas. O presidente Lula se encontrará com o presidente argentino, Alberto Fernández, em Brasília, para discutir a proposta de linha de crédito e outras questões comerciais entre os dois países.

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