Lula evita ato sindical no 1º de Maio e grava vídeo em rede nacional
Após críticas e esvaziamento em 2024, presidente opta por permanecer em Brasília e faz discurso sobre reivindicações trabalhistas pela TV
Por Plox
01/05/2025 09h37 - Atualizado há cerca de 23 horas
Pela primeira vez desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não comparecer pessoalmente aos tradicionais atos do Dia do Trabalhador. Em vez disso, optou por permanecer em Brasília e gravar um vídeo que foi transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na véspera do feriado.

A decisão marca uma mudança na postura do petista, que esteve presente nas comemorações em São Paulo nos anos de 2022, 2023 e 2024. Em 2024, no entanto, o evento contou com baixa adesão: apenas 1.635 pessoas compareceram ao ato com Lula, que estava ao lado do então pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. A fraca mobilização levou a críticas internas, especialmente ao ministro Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela articulação com movimentos sociais.
Neste ano, Lula será representado nos eventos sindicais por Márcio Macedo e pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. As centrais optaram por não realizar um ato unificado na capital paulista. A Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública organizam um evento conjunto, enquanto a CUT, com menor protagonismo, participa apenas como convidada. Paralelamente, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, realiza um ato em São Bernardo do Campo, reduto político do presidente.
Para tentar atrair mais público, os organizadores retomaram a estratégia de sorteio de carros. Apesar dos esforços, a ausência de Lula reacendeu críticas entre os sindicalistas, que ao longo da semana cobraram maior empenho do governo federal nas pautas trabalhistas.
Na última terça-feira (29), Lula se reuniu com dirigentes sindicais no Palácio do Planalto, ocasião em que recebeu uma carta de reivindicações. Entre os principais pontos estavam o fim da jornada 6×1 e a isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
No vídeo transmitido nesta quarta-feira (30), Lula abordou diretamente essas demandas. Ele defendeu o debate sobre a redução da jornada de trabalho, atualmente de seis dias com apenas um de descanso, afirmando que é hora de buscar equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores.
\"Vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no país, em que o trabalhador e a trabalhadora passam seis dias no serviço e têm apenas um dia de descanso. A chamada jornada 6 por 1. Está na hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras\".
Lula também mencionou o projeto de lei que propõe a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil e a redução progressiva da alíquota para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Segundo o presidente, essas medidas são fundamentais para valorizar o trabalho e garantir mais justiça social.
Com a ausência nos atos de rua e um foco na comunicação institucional, o governo tenta se reaproximar das bases sindicais sem repetir os erros de mobilização do ano anterior.