Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro

Internada desde julho de 2024 com arritmia cardíaca, a artista teve falência de múltiplos órgãos nesta quinta-feira (1º).

Por Plox

01/05/2025 20h29 - Atualizado há cerca de 13 horas

Nana Caymmi, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A cantora estava internada desde julho de 2024 na Casa de Saúde São José, localizada no bairro Humaitá, na Zona Sul da cidade. A causa da morte foi disfunção de múltiplos órgãos, segundo informações divulgadas pelo hospital.


Imagem Foto: Redes Sociais


Filha do renomado compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris, Nana nasceu Dinahir Tostes Caymmi, em 29 de abril de 1941. Completou 84 anos apenas dois dias antes de morrer. Irmã de Danilo e Dori Caymmi, cresceu cercada pela música e iniciou sua trajetória artística ainda na juventude. Seu primeiro grande momento foi ao lado do pai, em um dueto da canção “Acalanto”, composta por Dorival especialmente para ela. A melodia acabou se tornando um clássico das canções de ninar no Brasil.


Imagem A vida pessoal de Nana incluiu um casamento com Gilberto Gil entre 1967 e 1969. Foto: Redes Sociais


Aos 18 anos, após gravar seu primeiro compacto solo, ela se mudou para a Venezuela ao se casar com um médico daquele país. A adaptação, no entanto, foi difícil, e Nana decidiu retornar ao Brasil com as filhas Estela e Denise — e grávida do filho João Gilberto.


Seu talento vocal se destacou em interpretações de músicas de grandes nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Roberto Carlos e Milton Nascimento. Em 1964, participou do álbum “Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo”, que ganhou destaque no Brasil e no exterior.


Imagem Foto: Redes Sociais


Dois anos depois, enfrentou vaias ao se apresentar no Festival Internacional da Canção com a música “Saveiros”, composta por seu irmão Dori. Apesar da recepção fria do público, venceu a competição, reforçando sua força artística.


A discografia de Nana inclui títulos de peso como “Nana Caymmi” (1975), que firmou sua posição na MPB, além de “Renascer” (1976), “Voz e Suor” (1983), em parceria com o pianista Cesar Camargo Mariano, “Bolero” (1993) e “A noite do meu bem - As canções de Dolores Duran” (1994), produzido por José Milton. Ela também se dedicou a releituras de obras do pai, como “Saudade da Bahia” e “O Que É Que a Baiana Tem”.


Imagem Foto: Redes Sociais


O reconhecimento pelo legado musical veio também com homenagens, como o título de cidadã baiana, recebido em 2004 ao lado dos irmãos. Sua voz também ficou eternizada em trilhas de novelas e minisséries da TV Globo. Em 1998, interpretou “Resposta ao tempo” na abertura da minissérie “Hilda Furacão”. O sucesso dessa canção levou à gravação de “Suave veneno”, tema da novela homônima em 1999. Posteriormente, a gravadora Universal Music lançou a coletânea “Nana Novelas”, reunindo 15 faixas ligadas à teledramaturgia.


Apesar de não alcançar o mesmo nível de popularidade de contemporâneas como Elis Regina, Gal Costa ou Maria Bethânia, Nana sempre foi considerada uma das intérpretes mais consistentes da música brasileira.
“Embora nunca tenha sido cantora de arroubos teatrais, Nana encara o peso e a dramaticidade das músicas em que põe a voz lapidada com o tempo que fez emergir, a partir dos anos 1970, o brilho do verdadeiro diamante embutido nas cordas vocais da intérprete”, escreveu o crítico Mauro Ferreira em 2021.

Seus últimos álbuns lançados foram “Nana, Tom, Vinicius” (2020) e “Nana Caymmi Canta Tito Madi” (2019).



Além da carreira musical, a vida pessoal de Nana incluiu um casamento com Gilberto Gil entre 1967 e 1969 e relacionamentos com os músicos João Donato e Cláudio Nucci.


A cantora deixa três filhos e duas netas, encerrando uma trajetória marcada por emoção, talento e dedicação à música brasileira.



O Brasil se despede de uma voz inconfundível, que marcou gerações com interpretações profundas e repertório sofisticado.


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