Tecnologia avança e ameaça 39% das habilidades atuais até 2030, diz relatório
Estudo do Fórum Econômico Mundial alerta que automação e IA podem tornar obsoletas funções e exige requalificação urgente
Por Plox
01/05/2025 13h25 - Atualizado há cerca de 20 horas
Até 2030, o mercado de trabalho deverá enfrentar uma grande reconfiguração: cerca de 39% das habilidades atualmente exigidas poderão ser transformadas ou substituídas, segundo o relatório 'Trabalho do Futuro 2025', desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial em conjunto com a Fundação Dom Cabral.

Entre os principais vetores dessa mudança estão a Inteligência Artificial (IA), o avanço das automações e o acesso digital ampliado — elementos destacados por 60% dos entrevistados como os mais influentes nas tendências do trabalho. A IA Generativa, capaz de produzir textos, imagens e vídeos, é apontada como protagonista dessa evolução, especialmente nos setores financeiro, de consultoria e educação.
A rápida adoção da IA tem impulsionado a demanda por competências específicas na área, com a promessa de aumentar a produtividade e a eficiência. No entanto, o relatório também adverte que, na ausência de políticas públicas, incentivos econômicos e regulamentações claras, essas tecnologias podem substituir empregos em vez de melhorar o desempenho humano.
Para Vivian Wolff, especialista em treinamento e desenvolvimento humano, a adaptação é inevitável. “A tecnologia nos obriga a evoluir constantemente. A chave é sermos protagonistas das nossas carreiras”, afirma. Essa perspectiva é refletida no relatório, que indica que 85% das empresas planejam investir no aprimoramento de suas equipes.
A requalificação já é prioridade para 65% dos trabalhadores, que enxergam na aquisição de novas habilidades tecnológicas uma forma de manter sua empregabilidade. A publicação aponta que 78% dos funcionários buscam treinamentos ofertados por seus empregadores, e 70% estão dispostos a estudar fora do expediente.
Segundo Vivian, é indispensável que o uso da IA venha acompanhado de preparo técnico, com atenção para aspectos éticos e operacionais. Casos de uso inadequado da tecnologia, como petições jurídicas com informações falsas geradas por IA, evidenciam os riscos da má utilização. “Ter times capacitados e diretrizes claras garante que a IA contribua positivamente para os resultados”, reforça.
Nesse contexto, habilidades como pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional e curiosidade ganham destaque. “Saber aprender será essencial. Precisamos ser aprendizes contínuos”, defende Vivian. Entre as competências mais valorizadas pelo relatório estão o pensamento analítico, resiliência, liderança, criatividade e motivação pessoal.
A transformação em curso também é percebida nos dados sobre empregos. O relatório estima que 22% das vagas formais podem ser afetadas até o fim da década: 170 milhões de novos empregos podem surgir (14%), enquanto 92 milhões devem ser substituídos (8%), resultando em um saldo positivo de 78 milhões de postos (7%).
Novas profissões tecnológicas, como especialistas em big data e IA, estão em alta. Em contrapartida, funções administrativas, operacionais e secretariado enfrentam maior risco de desaparecimento. “Vivemos a transformação digital em tempo real”, comenta Suzana Cohen, doutora em tendências e consultora.
Ela alerta para a necessidade de adaptar currículos escolares e acadêmicos, mirando profissões com potencial de longevidade. “Precisamos ensinar os alunos a comandar as máquinas, interpretar dados e fazer as perguntas certas. Quem dominar a IA, dominará o futuro”, conclui.
A revolução tecnológica no trabalho já começou, e a preparação se tornou indispensável para garantir espaço nesse novo cenário.