Taxa de sucesso na localização de desaparecidos em Minas atinge 64,4% em 2022; saiba as orientações da PC

A Delegada Bianca Landau, da Divisão De Referência Da Pessoa Desaparecida (DIHPP) informou que é um mito ter que esperar 24 horas para registrar o desaparecimento.

Por Matheus Valadares

01/06/2023 14h50 - Atualizado há mais de 1 ano

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) divulgou no dia 25 de maio, o Diagnóstico de Pessoas Desaparecidas e Localizadas nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais, relatório que inclui dados de 2020 a 2022. A análise indica que houve uma média diária de 18,5 desaparecimentos no estado no ano passado. Durante 2022, um total de 6.758 pessoas desapareceu, uma diminuição em comparação com os anos de 2020 e 2021, que apresentaram, respectivamente, 6.857 e 6.846 ocorrências do tipo.

Dentro do universo de indivíduos desaparecidos em 2022, a Polícia Civil conseguiu localizar 4.356, o que se traduz em uma taxa de sucesso de 64,4% na localização dessas pessoas.

No entanto, essa taxa pode ser ainda mais favorável, caso os familiares siga os procedimentos recomendados pela Polícia Civil. A reportagem da Plox conversou com a Delegada Bianca Landau, da Divisão De Referência Da Pessoa Desaparecida (DIHPP). Ela informou que é um mito ter que esperar 24 horas para registrar o desaparecimento.

Painel de fotos com pessoas desaparecidas no estado de Minas Gerais. Foto: Reprodução.

 

“É um equívoco imaginar que é necessário aguardar um prazo para registrar uma ocorrência de desaparecimento. Uma pessoa é considerada desaparecida a partir do momento em que os familiares e/ou pessoas do seu convívio social perceberem uma mudança de rotina - assim, por exemplo, se uma pessoa tem por hábito chegar em casa do trabalho às 18 horas, mas às 20 horas ainda não apareceu, não foi vista por ninguém, não deu notícias e não atende ao telefone celular, já é possível registrar seu desaparecimento. Quanto antes as providências em busca de um ausente foram iniciadas, maiores as chances de localização”. Informou.

Landau listou alguns procedimentos que podem ser adotados por familiares e amigos que procuram pela pessoas. São eles:

- procurar imediatamente a Polícia quando o desaparecimento for constatado;

- solicitar a confecção e a divulgação do cartaz com a fotografia do ausente;

- jamais fornecer o telefone de contato em redes sociais ou grupos de WhatsApp e marcar encontros com pessoas que dizem ter informações sobre o desaparecido;

- repassar aos Policiais o maior número de informações possível sobre o ausente: a que horas e com quem foi visto pela última vez, se estava conduzindo algum veículo, qual a roupa utilizava, se possui aparelho de telefone celular e cartões bancários, se portava documentos, se fazia uso de remédios controlados, drogas e bebidas alcoólicas, se tinha algum problema de saúde, se estava com o comportamento diferente nos últimos tempos, se tinha envolvimento com a criminalidade, bem como quaisquer fatos que possam ter desencadeado a ausência.

A Delegada também detalhou que é possível registra o boletim de desaparecimento de três maneiras distintas. “Os familiares podem solicitar o registro em qualquer Delegacia de Polícia ou Companhia da Polícia Militar, ou mesmo efetuar o registro na Delegacia Virtual (https://delegaciavirtual.sids.mg.gov.br) - nesse dois últimos casos, orientamos aos familiares, logo que for possível, a comparecerem presencialmente à Delegacia para que sejam adotadas as providências referentes à confecção e divulgação do cartaz com a fotografia da pessoa desaparecida”. Concluiu.

Ocorrências de Morte Violenta Intencional

O relatório da Polícia Civil também apresentou dados sobre vítimas de morte violenta intencional (MVI) entre 2020 e 2022. Foram identificadas 48 pessoas que haviam sido dadas como desaparecidas e posteriormente encontradas mortas. Destes casos, 44 foram classificados como homicídios e quatro foram vítimas de latrocínio, roubo seguido de morte.

Perfil dos Desaparecidos

Em 2022, Minas Gerais registrou um total de 6.758 pessoas desaparecidas. A maioria, ou seja, 64,7% desses indivíduos eram adultos. Os adolescentes aparecem em seguida com 25,11% dos casos, enquanto crianças compõem apenas 2,48% dos registros.

No cenário mais amplo, cerca de 18 pessoas desaparecem por dia em Minas Gerais, o que corresponde a aproximadamente 10% dos casos de desaparecimento no Brasil. Apesar da estatística alarmante, a Polícia Civil afirma que cerca de 12 pessoas são encontradas diariamente.

Bianca Landau revelou que a maioria dos homens desaparece voluntariamente. O uso de drogas, o consumo excessivo de álcool e o sofrimento mental são os principais motivadores.
Complicações Detectadas

A investigação também destacou algumas dificuldades no processo de registro e resolução de desaparecimentos. Muitas pessoas que desaparecem voluntariamente retornam para casa, mas os parentes não atualizam a situação na delegacia. Outra complicação é que algumas famílias optam por conduzir suas próprias investigações ao invés de registrar oficialmente o desaparecimento.

Esses dois problemas levam à subnotificação de casos, ocultando o verdadeiro número de pessoas desaparecidas e encontradas.

Causas Diferenciadas por Faixa Etária

De acordo com a delegada Landau, a maioria dos desaparecimentos tem um desfecho feliz, com as pessoas sendo encontradas vivas e bem. Entretanto, uma minoria acaba sendo encontrada sem vida.

Quando crianças de até 12 anos desaparecem, geralmente é devido a conflitos familiares como violência doméstica, desentendimentos com os pais ou aliciamentos pela internet. Os adolescentes entre 12 e 18 anos também são influenciados por conflitos familiares, especialmente as meninas. Já os meninos, o envolvimento com a criminalidade e o consumo de drogas são as principais razões.


 

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