Brasil é reconhecido como país livre da febre aftosa sem vacinação
Conquista histórica encerra mais de 65 anos de campanhas e posiciona o país em patamar privilegiado no mercado global
Por Plox
01/06/2025 21h48 - Atualizado há 4 dias
Durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em Paris, o Brasil recebeu oficialmente o certificado de país livre de febre aftosa sem vacinação.

Esse marco histórico representa o encerramento de mais de 65 anos de campanhas de imunização em todo o território nacional e consolida o país como uma potência sanitária no setor agropecuário. O reconhecimento tem impacto direto na valorização da carne brasileira no comércio internacional, principalmente em mercados exigentes como Japão e Coreia do Sul.
Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar, celebrou o novo status sanitário como uma transformação significativa para a pecuária nacional. Segundo ele, foram décadas de esforços contínuos com vacinação, controle rígido e investimentos em defesa sanitária. $&&$“É uma conquista extraordinária para o setor produtivo e para todo o país. A febre aftosa sempre foi uma barreira que comprometia a imagem dos produtos agropecuários brasileiros no exterior”$, afirmou.
Para o dirigente, o resultado é fruto de um esforço coletivo. Ele destacou o papel decisivo do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), do Ministério da Agricultura e dos produtores rurais, que contribuíram financeiramente por meio da Guia de Trânsito Animal (GTA) para manter o sistema de defesa em funcionamento. “Esse certificado vai agregar ainda mais valor à nossa carne bovina, reconhecida mundialmente por sua qualidade, sustentabilidade e sanidade”, concluiu.
Minas Gerais desempenhou um papel estratégico no processo. De acordo com Altino Rodrigues, gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Sistema Faemg Senar, o estado enfrentou desafios únicos por estar inserido em dois circuitos pecuários distintos: o centro-oeste e o leste. Para evitar a disseminação da doença, foi necessária a instalação de cerca de 40 barreiras sanitárias, restringindo o trânsito de animais entre as regiões.
“Foi uma medida corajosa e essencial. Gado vindo do Norte de Minas, Bahia e Sergipe, por exemplo, não podia circular para áreas como o Triângulo Mineiro, Mato Grosso e São Paulo. Houve resistência por parte de alguns produtores, mas o empenho da Federação da Agricultura foi fundamental para mostrar a importância da iniciativa para o avanço sanitário do estado e do país”, explicou Altino, que também representa o Sistema Faemg Senar no fórum mundial.
O reconhecimento internacional é resultado da ação conjunta de órgãos públicos, entidades de defesa sanitária e lideranças agropecuárias. Além de reduzir custos com vacinação e manejo, o novo status reforça a imagem sanitária do Brasil e potencializa a valorização da carne bovina, suína e de outros produtos pecuários no cenário global.
O processo de erradicação da febre aftosa no Brasil foi realizado de maneira eficaz e sem necessidade de abate de animais, ao contrário de outras nações. A evolução da vacina ao longo das décadas, passando de uma formulação aquosa para uma oleosa com maior duração, permitiu reduzir gradualmente as doses aplicadas e, na fase final, limitar a imunização apenas a animais jovens, já protegidos por campanhas anteriores.
Em Minas Gerais, esse avanço teve um grau de complexidade ainda maior. O estado, que possui grande número de produtores e intensa movimentação de rebanhos, precisou de articulação constante com lideranças locais e planejamento rigoroso para garantir o sucesso da iniciativa.
A conquista histórica projeta o Brasil a um novo patamar no cenário agropecuário mundial, abrindo portas para mercados antes inacessíveis e fortalecendo o setor como um dos pilares da economia nacional.