Correios planejam uso de carros de luxo com motorista para diretoria
Estatal abre licitação para quatro veículos de alto padrão com custos sigilosos, enquanto enfrenta déficit bilionário
Por Plox
01/06/2025 22h33 - Atualizado há 4 dias
Os Correios deram início a um processo licitatório que prevê a contratação de veículos de luxo destinados ao uso exclusivo da diretoria da estatal. A proposta prevê a disponibilização de quatro automóveis de alto padrão, todos com motorista e abastecimento incluídos, pelo período de 30 meses.

Embora a contratação já esteja em andamento, os valores envolvidos foram mantidos em sigilo. Segundo a proposta de contrato, cada carro poderá percorrer até mil quilômetros por mês com valor fixo, além de uma margem de até 115 quilômetros adicionais em regime de cobrança variável.
A informação foi divulgada pela coluna Radar, da revista Veja, e gerou críticas especialmente devido à situação financeira delicada enfrentada pela empresa. Em 2024, os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, valor que representa quatro vezes o déficit contabilizado em 2023, que já havia sido expressivo: R$ 597 milhões. Essa foi a primeira vez desde 2016 que a estatal apresentou um rombo bilionário.
Apesar da grave crise, a diretoria dos Correios recebeu aumentos salariais consideráveis nos últimos dois anos. O presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos, nomeado durante o atual governo federal, aumentou seu próprio salário em 14%, passando de R$ 46,7 mil, em março de 2023, para R$ 53,3 mil em abril de 2024.
Além disso, houve reajustes nos benefícios. O auxílio-moradia subiu de R$ 4,3 mil para R$ 4,7 mil, o auxílio-alimentação aumentou de R$ 699 para R$ 1.036 e a previdência complementar passou de R$ 7,6 mil para R$ 7,9 mil.
Os demais diretores também viram seus salários crescerem, indo de R$ 40,6 mil para R$ 46,3 mil no mesmo período, além de manterem os benefícios reajustados. Tudo isso ocorre sob a liderança de Fabiano Santos, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja gestão tem sido alvo de críticas pelo desmonte da estrutura financeira da empresa.
Durante o governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), os Correios vinham registrando superávits sucessivos. Já no atual comando, além das perdas financeiras, a direção da estatal foi acusada de manipular registros contábeis ao lançar despesas da nova gestão como se fossem do exercício de 2022.
Mesmo com o rombo histórico, os diretores da estatal ampliaram seus vencimentos e terão à disposição carros de luxo com motorista
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A decisão de investir em conforto para a alta cúpula dos Correios contrasta com a dura realidade enfrentada por grande parte dos funcionários da empresa, que receberam reajustes de apenas pouco mais de 4% no mesmo período.