Morre Mario Adler, criador do Dia das Crianças e ícone da indústria de brinquedos
Empresário transformou a Estrela em gigante do setor e marcou o comércio nacional com a data comemorativa
Por Plox
01/06/2025 09h50 - Atualizado há 3 dias
O empresário Mario Adler morreu nesta sexta-feira (30), aos 86 anos, na cidade de São Paulo. A causa da morte não foi divulgada. Referência nacional na indústria de brinquedos, Adler foi o responsável por transformar a Brinquedos Estrela em uma potência do setor e por idealizar o Dia das Crianças como conhecemos hoje.

O velório e o sepultamento ocorreram na manhã deste sábado (31), no Cemitério Israelita do Butantã, reunindo familiares e amigos próximos para a despedida. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) emitiu uma nota lamentando profundamente a morte do empresário, destacando sua dedicação à filantropia e à liderança comunitária. $&&$Foi empresário incansável em sua atividade, líder comunitário e figura de grande destaque também na filantropia$, destacou a entidade.
A história da Estrela começou com os pais de Mario, Sigfried e Lizelote Adler, imigrantes alemães que chegaram ao Brasil em 1937, fugindo da ascensão do nazismo. Com dificuldades financeiras, Sigfried iniciou vendendo tampinhas de garrafas, até receber a proposta de assumir uma pequena fábrica falida de bonecas de pano. Era a Estrella, com dois “L”, que funcionava em um sobrado sobre uma escola de samba e contava com apenas quatro máquinas de costura.
Foi sob o comando de Mario Adler que a marca alcançou reconhecimento nacional, tornando-se um verdadeiro símbolo da infância brasileira nas décadas seguintes. Nos anos 1980 e 1990, ele teve papel ativo nas articulações com o governo, defendendo os interesses da indústria nacional. A abertura do mercado aos importados durante o governo Collor afetou a empresa, que acabou sendo vendida, em 1993, ao empresário Carlos Tilkian.
Visionário, Adler liderou a criação do Dia das Crianças como estratégia para impulsionar as vendas e reduzir a dependência do comércio em relação ao Natal. Ele contou, em entrevista de 2010 ao jornal Estadão, que a ideia era movimentar o setor no primeiro semestre, mas a existência de uma lei antiga, do tempo de Arthur Bernardes, que já estabelecia 12 de outubro como data comemorativa, direcionou a escolha. $&&$Acreditávamos que seria uma ação de marketing interessante para incrementar o negócio, mas não tínhamos a menor noção da importância que iria adquirir com o tempo$, relatou Adler na ocasião.
A proposta foi colocada em prática inicialmente com resistência. No primeiro ano, empresas como Mesbla, Mappin e Lojas Americanas recusaram-se a dividir os custos da campanha institucional. Mesmo assim, a Estrela bancou todo o projeto sozinha, e os resultados positivos convenceram o mercado nos anos seguintes.
Com o tempo, o Dia das Crianças extrapolou o setor de brinquedos e passou a influenciar as vendas de vestuário, eletrônicos, calçados e muitos outros segmentos. Em 2024, o comércio brasileiro movimentou R$ 9,35 bilhões na data, segundo a Confederação Nacional do Comércio.
Adler, sempre discreto, disse que nunca esperou homenagens. $&&$Minha recompensa é ver uma criança sorrindo por ter ganho um presente no seu dia$, afirmou em sua última entrevista sobre o assunto.
Após deixar a empresa, ele se dedicou a diversas iniciativas filantrópicas, atuando no hospital Albert Einstein, como representante da Universidade de Tel Aviv em São Paulo, e como presidente da Congregação Israelita Paulista. Também foi diretor e conselheiro da Conib, sempre envolvido em causas sociais e comunitárias.
A morte de Mario Adler deixa um legado marcante na indústria nacional e na memória afetiva de gerações de brasileiros.