Sexo, silicone, bonecas e inteligência artificial: o bordel futurista que custa até R$ 10 mil na Alemanha
Estabelecimento em Berlim oferece bonecas realistas em ambiente high-tech e enfrenta críticas por promover fetiches polêmicos e estereotipados
Por Plox
01/06/2025 13h40 - Atualizado há 3 dias
No bairro de Friedrichshain, em Berlim, um edifício de fachada modesta esconde um negócio que vem gerando burburinho e polêmica: o Cybrothel, um bordel onde a companhia é feita por bonecas sexuais de silicone com aparência hiper-realista.

Ali, clientes podem escolher entre 19 'acompanhantes', sendo apenas um homem. A estrela do local é Roxy, uma sex doll com traços marcantes, maquiagem pesada e um bilhete sugestivo colado ao peito. Ela não pisca, não respira, mas está sempre pronta — literalmente.
Com acesso restrito e agendamento prévio via e-mail, o local se apresenta como uma alternativa “sem traição” para quem deseja explorar fantasias. Ao chegar, uma voz feminina pelo interfone pergunta qual boneca foi escolhida. A porta se abre, e, após subir dois andares, uma iluminação roxa indica que o cliente entrou no universo do Cybrothel.
O quarto onde a experiência ocorre é decorado com céu estrelado projetado nas paredes e música ambiente. Instruções estão fixadas nas paredes, lembrando que camisinhas são recomendadas e que circular nu pelos corredores não é permitido. O valor para uma hora de sessão varia conforme o estado da boneca — Roxy, por exemplo, custa R$ 660, pois pertence à categoria com “sinais visíveis de uso”.
A casa oferece serviços adicionais como boneca pré-aquecida (R$ 58), realidade virtual (R$ 129), esperma artificial (R$ 77), golden shower (R$ 445) e até noites com múltiplas bonecas, podendo ultrapassar R$ 10 mil. Câmeras e microfones integrados aos quartos garantem interatividade: uma funcionária, de outra sala, responde quando o cliente solicita 'respostas' da boneca.
Embora o local afirme que fetiches envolvendo violência ou aparência infantil sejam proibidos, vídeos e relatos apontam o contrário. A escritora Laura Bates, por exemplo, narra em seu livro que solicitou uma boneca com roupas rasgadas e maquiagem borrada — e foi atendida. O dono, Philipp Fussennegger, diz não se lembrar do caso, mas reconhece que a experiência “talvez tenha sido insensível”.
Em comunicado no site, o Cybrothel reforça que não permite fantasias violentas e que clientes devem tratar as bonecas com “respeito e carinho”. Inclusive, há uma taxa adicional de R$ 96 caso o cliente ejacule dentro da boneca.
A proposta, no entanto, tem gerado reações negativas. Mariana Luz, diretora da ONG MeToo Brasil, alerta para a desumanização envolvida na experiência. “É a eliminação da escuta, do diálogo. Preferem máquinas a mulheres”, afirma. Ela aponta que mesmo sendo um ambiente 'utópico', a experiência pode refletir e estimular violências reais.
Fussennegger, que iniciou o projeto como uma instalação artística durante a pandemia, admite falhas e promete melhorias. Diz que deseja incluir mais diversidade no catálogo — hoje dominado por padrões femininos estereotipados — e que a ausência de mais bonecos masculinos será corrigida. Também afirma que os protótipos com inteligência artificial testados anteriormente não atendiam aos padrões de segurança e privacidade, mas que o futuro da indústria está justamente na robótica sexual.
Apesar das críticas, o dono acredita que os clientes não têm intenções violentas. “Confio que a humanidade não seja tão idiota assim”, declara. Com média de dois a três atendimentos por dia, o Cybrothel se mantém funcionando, mesmo sob o calor da controvérsia.