Governo brasileiro rebate críticas da The Economist com carta diplomática
Ministro Mauro Vieira responde à revista britânica após acusações de incoerência e impopularidade de Lula
Por Plox
01/07/2025 12h12 - Atualizado há 1 dia
Em uma resposta contundente às críticas da revista britânica The Economist, o governo do Brasil, por meio do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviou nesta terça-feira (1º) uma carta contestando as declarações feitas sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A revista havia publicado no último domingo (29) um artigo que classificava o líder petista como “incoerente no exterior” e “impopular em casa”.

O texto britânico criticou duramente a postura internacional do presidente, sobretudo por suas declarações contra os ataques dos Estados Unidos e de Israel ao Irã, ocorridos no dia 22 de junho. Na ocasião, o governo brasileiro condenou de forma veemente a ação, alegando que ela representava uma violação da soberania iraniana e do direito internacional.
A The Economist foi além, sugerindo que Lula deveria “parar de fingir que o Brasil é importante” nas questões relacionadas à Europa e ao Oriente Médio, e concentrar sua atuação em temas mais próximos da realidade doméstica. Também afirmou que a participação brasileira nos Brics, antes vista como uma chance de protagonismo, agora transmite uma imagem de hostilidade em relação ao Ocidente.
A crítica ainda abordou a ausência de articulação entre o Brasil e os Estados Unidos, ressaltando que Lula não teria feito esforços para estreitar relações com o presidente americano Donald Trump. O artigo ironizou o fato de o Brasil ser “a maior economia cujo líder ainda não apertou a mão do presidente dos EUA”.
Quanto à política regional, a publicação alegou que o chefe do Executivo brasileiro não conseguiu mobilizar os países latino-americanos para enfrentar temas como a guerra tarifária promovida por Trump e as deportações de imigrantes.
Em resposta, Mauro Vieira afirmou na carta enviada à revista que o Brasil não adota um “tratamento à lá carte do direito internacional” e defendeu a integridade da postura brasileira nas relações exteriores.
\"O respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível\", frisou o chanceler.
O embaixador também destacou que Lula propôs uma ousada taxação de bilionários, o que, segundo ele, pode ter incomodado “muitos oligarcas”. Ressaltou ainda que, sob a liderança de Lula, os Brics desempenham um papel relevante na busca por um mundo mais justo, equilibrado e pacífico. A posição do Brasil sobre os ataques ao Irã, particularmente às instalações nucleares, é apresentada como coerente com esses princípios.
O ministro reforçou também que Lula condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e defendeu uma solução para o conflito, afastando acusações de incoerência. Finalizando, a carta aponta que o presidente brasileiro “não é popular entre os negacionistas climáticos” e que, em tempos de corrida armamentista, Lula se destaca como uma das vozes que combatem os investimentos em destruição, priorizando o combate à fome e às mudanças climáticas.