Vale do Lítio atrai R$ 6,3 bilhões e pode gerar 7.500 empregos diretos até 2026

Maior reserva de lítio do Brasil está em Minas e já impulsiona exportações, economia local e infraestrutura; moradores cobram atenção a impactos sociais e ambientais

Por Plox

01/07/2025 07h14 - Atualizado há 1 dia

Com R$ 6,3 bilhões já aplicados em apenas dois anos, o Vale do Lítio, localizado em Minas Gerais, se consolida como um dos maiores polos de investimento em mineração do país. A região, que abrange cerca de 17 municípios, concentra a maior reserva de lítio do Brasil e já gerou 3.500 empregos diretos, com projeção de atingir 7.500 até o ano que vem.


Imagem Foto: Reprodução


A iniciativa, considerada estratégica pelo Governo de Minas e apresentada em agendas internacionais, é apontada como chave para transformar a realidade socioeconômica do Vale do Jequitinhonha e de outras regiões do Estado. Além dos empregos diretos, estima-se a criação de mais de 12 mil postos de trabalho indiretos. As exportações de lítio saltaram de R$ 1,9 bilhão no biênio 2021-2022 para R$ 4,3 bilhões entre 2023 e 2024, crescimento superior a 120%.


Frederico Amaral, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, destaca que a atividade minerária vem acompanhada de ações de qualificação profissional e investimentos em infraestrutura, visando deixar um legado duradouro para a população local.



Além disso, o mineral, essencial para a produção de baterias de carros elétricos e armazenamento de energia, coloca Minas Gerais no centro da discussão global sobre transição energética. Em missão no Japão, o governador Romeu Zema e empresários mineiros buscam parcerias estratégicas para posicionar o Estado como protagonista mundial na nova indústria energética.


O diretor do IBRAM, Julio Nery, informou que existem mais de 10 projetos de pesquisa em andamento e que, caso três sejam bem-sucedidos, mais 1.200 empregos diretos podem ser gerados. Já Flávio Roscoe, da Fiemg, afirma que toda a cadeia produtiva regional será impulsionada, desde o transporte até o setor de manutenção e insumos industriais.



No entanto, junto com as oportunidades, surgem desafios. A deputada Bella Gonçalves (Psol) alerta para o risco de escassez hídrica, já que a mineração consome grandes volumes de água e pode contaminar lençóis freáticos. O vereador Danilo Borges (PT), de Araçuaí, critica a especulação imobiliária, que elevou os aluguéis e dificulta a permanência de estudantes e trabalhadores na cidade.


O prefeito de Araçuaí, Tadeu Barbosa (PSD), reconhece os impactos, como a superlotação do hospital e a crise habitacional, mas afirma que medidas estão sendo tomadas para mitigar os efeitos. Ele também pede uma maior clareza na definição de responsabilidades entre município, Estado e União para enfrentar os desafios trazidos pelos investimentos.



Entidades como a AMIG e o MAB cobram que o desenvolvimento seja sustentável, moderno e justo, respeitando o meio ambiente e os direitos das comunidades tradicionais. A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa reforça que a mineração deve seguir regras e incluir a participação de povos indígenas e quilombolas nas decisões.


Em resposta às críticas, o Governo de Minas informou que busca consolidar a produção de lítio verde, com menor impacto ambiental. O Estado afirma ter investido R$ 106 milhões em educação técnica, R$ 30 milhões na saúde e implantado sete UBSs na região. No setor social, mais de R$ 13 milhões foram destinados a ações que beneficiaram 190 mil pessoas. Na infraestrutura de água e esgoto, foram aplicados R$ 2,8 milhões, com previsão de mais R$ 8,4 milhões. Na mobilidade e transporte, o investimento ultrapassa R$ 1,3 bilhão.



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