Viagem de Lula à Argentina para cúpula do Mercosul deve excluir encontro com Milei e inclui possível visita a Kirchner
Presidente brasileiro participa de reunião do bloco, assume presidência temporária e cogita visitar Cristina Kirchner, aliada histórica
Por Plox
01/07/2025 07h20 - Atualizado há 1 dia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta quarta-feira (2) para Buenos Aires, capital da Argentina, onde participará da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. O evento está agendado para acontecer na quinta-feira (3), marcando a primeira visita do petista ao país desde que Javier Milei assumiu a presidência argentina.

Apesar de o Brasil assumir a presidência temporária do bloco durante o segundo semestre, não há expectativa de um encontro bilateral entre Lula e Milei, rompendo uma tradição de reuniões entre presidentes dos dois países em ocasiões como essa. A relação entre ambos tem sido marcada por críticas e distanciamento, com Milei se alinhando a figuras da ultradireita internacional e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na liderança temporária do Mercosul, o Brasil pretende priorizar a conclusão do acordo comercial com a União Europeia, negociado há mais de 20 anos. O avanço do tratado tem enfrentado resistência principalmente de agricultores franceses, que temem a concorrência de produtos sul-americanos. Durante visita à França em junho, Lula afirmou que deseja finalizar o acordo e pediu ao presidente Emmanuel Macron que “abra o coração” para a negociação.
Outro foco da presidência brasileira será ampliar a Tarifa Externa Comum, integrando setores como o automotivo e o açucareiro, para fortalecer as políticas comerciais entre os países do bloco.
Além da cúpula, Lula pode visitar a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar após ser condenada por administração fraudulenta. Ainda não há confirmação do encontro, mas a agenda está em negociação por auxiliares do presidente. Cristina é uma antiga aliada do PT e tem recebido manifestações de apoio, inclusive do partido brasileiro, que a considera vítima de perseguição política.
A ex-presidente foi sentenciada a seis anos de prisão e está inabilitada politicamente de forma permanente, embora negue as acusações e critique promotores e juízes por parcialidade. O PT divulgou nota afirmando que ela enfrenta uma campanha de ódio e lawfare desde o retorno da democracia ao país em 1983. A possibilidade de visita por parte de Lula causa apreensão, pois há temor de que sua prisão preventiva seja restabelecida.
Enquanto isso, protestos em apoio a Cristina têm ocorrido em frente à sua residência, o que aumenta a tensão sobre sua situação judicial.