Mudança nas regras de home office para servidores: retorno ao escritório não agrada a maioria
A adaptação a essa nova realidade e o retorno ao ambiente de trabalho após o período pandêmico parecem não ter sido bem-vistos por muitos brasileiros.
Por Plox
01/08/2023 08h12 - Atualizado há quase 2 anos
O governo federal, em uma decisão recente tomada na segunda-feira (31/7), estabeleceu novas diretrizes para o teletrabalho nos serviços públicos. As novas medidas determinam que profissionais que desejam adotar essa modalidade deverão passar por um ano de estágio comprobatório. Adicionalmente, ao trocar de cargo, será requisitado um período de seis meses de trabalho presencial antes que o servidor possa optar pelo regime remoto novamente.

A adaptação a essa nova realidade e o retorno ao ambiente de trabalho após o período pandêmico parecem não ter sido bem-vistos por muitos brasileiros. Segundo dados recentes fornecidos por uma pesquisa realizada pelo Infojobs e pelo Grupo Top RH em abril, impressionantes 85,3% dos profissionais considerariam trocar de emprego para ter mais dias em regime de home office. Um número relevante, 64,4% dos que regressaram aos escritórios, expressaram que sua qualidade de vida decaiu consideravelmente, atribuindo tal declínio aos deslocamentos diários.
Leandro Souza de Pinho, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG), comentou sobre as tendências de trabalho após a pandemia. Segundo ele, “a tendência pós-pandemia é de um modelo de trabalho híbrido”, em que o funcionário divide seus dias entre o trabalho na empresa e em casa. Pinho acrescentou que, antes de adotar qualquer modelo, é essencial analisar sua viabilidade e impacto na organização.
A preferência nacional: o regime de trabalho remoto
A pesquisa realizada pelo Infojobs e pelo Grupo Top RH revelou dados adicionais sobre a preferência dos brasileiros no que diz respeito ao formato de trabalho. Um total de 33,2% dos entrevistados afirmou estar no regime híbrido, enquanto a maior parcela, 47,2%, já retornou completamente ao ambiente presencial. Por outro lado, 19,5% continuam no regime totalmente remoto.
Para Pinho, é vital reconhecer que cada formato tem suas vantagens e desvantagens. Ele destaca que, por um lado, o trabalho presencial envolve custos adicionais, como aluguel e transporte de funcionários. Por outro lado, o trabalho remoto pode enfrentar desafios relacionados à produtividade e à interação com colegas.
Uma informação notável nas recentes mudanças é a alteração no controle de ponto dos servidores federais. Agora, o foco está em monitorar a produtividade e os resultados entregues, ao invés da frequência do colaborador. Essa inovação foi introduzida pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, que atualizou o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), estabelecido em 2022.
Finalmente, a pesquisa do Infojobs e do Grupo Top RH forneceu uma visão sobre a opinião dos brasileiros quanto ao retorno ao trabalho presencial. A maioria dos entrevistados é do sudeste do Brasil e pertence à faixa etária entre 35 e 44 anos (34,7%) ou entre 25 e 35 anos (28,4%). Desse grupo, apenas 14,2% sentiram que sua qualidade de vida melhorou ao regressar ao escritório. No entanto, 78,5% deles não foram consultados sobre o retorno, e 73,9% mencionaram a ausência de ações de engajamento por parte dos departamentos de RH de suas empresas.