Etanol na gasolina sobe para 30%, mas preço nos postos não deve cair
Consumidor não verá redução prometida pelo governo com nova mistura de combustível
Por Plox
01/08/2025 11h31 - Atualizado há 3 dias
Nesta sexta-feira (1º), entrou em vigor em todo o país a nova mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina comum, que passa de 27% para 30%. Apesar do aumento significativo, especialistas e representantes do setor apontam que o consumidor não sentirá praticamente nenhuma redução nos preços.

Ao anunciar a mudança, em junho deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu que o preço da gasolina cairia cerca de R$ 0,11 por litro, representando uma economia aproximada de 1,8% sobre o valor médio atual, que gira em torno de R$ 6,20. No entanto, distribuidoras e especialistas do mercado consideram essa previsão irreal.
Marcus D'Elia, sócio da Leggio Consultoria, explica que a queda real deverá ficar entre 0,2% e 0,3%, equivalente a apenas R$ 0,02 por litro. Segundo ele, o principal motivo da diferença é o custo mais elevado do etanol anidro, que não possui as mesmas vantagens tributárias que o hidratado, vendido diretamente nos postos.
Dados recentes do Cepea, vinculado à USP, indicam que o etanol anidro já é mais caro que a gasolina refinada pela Petrobras. Na semana passada, enquanto a gasolina custava R$ 2,85 por litro nas refinarias, o etanol anidro saía das usinas paulistas por R$ 2,91. O etanol hidratado era vendido por R$ 2,54.
A expectativa inicial do governo era reduzir a dependência do país das oscilações internacionais causadas pela instabilidade no Oriente Médio, situação que acabou não se confirmando, deixando a promessa de preços mais baixos frustrada.
Além disso, também começou a valer hoje o aumento da mistura de biodiesel no diesel comum, passando de 14% para 15%. Essa medida, adiada desde fevereiro por suspeitas de fraudes e preocupações com os impactos sobre os preços dos alimentos, deve causar um leve aumento nos preços nas bombas. A Fecombustíveis projeta aumento de aproximadamente R$ 0,02 por litro, enquanto outras entidades falam em até R$ 0,03.
A entidade alerta ainda para a possibilidade de futuras oscilações nos preços, devido a fatores climáticos e variações sazonais na produção dos biocombustíveis.
Por outro lado, aumentar a mistura dos biocombustíveis também pode contribuir para reduzir a dependência do país em relação às importações. Atualmente, cerca de 4% da gasolina consumida no Brasil é importada, enquanto no caso do diesel, esse percentual sobe para cerca de 25%, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).