Casamento branco cresce entre millennials
Especialistas apontam múltiplos fatores, como estresse e foco excessivo no trabalho, afetando a intimidade conjugal
Por Plox
01/09/2023 08h59 - Atualizado há mais de 1 ano
Em um fenômeno que vem ganhando destaque, a geração Y, ou millennials, parece estar cada vez mais envolvida em casamentos sem uma vida sexual ativa, chamados de "casamentos brancos". O termo é utilizado para caracterizar uniões em que a intimidade entre os parceiros é escassa ou nula, uma situação que já preocupa profissionais da saúde mental.
Por que isso está acontecendo?
Bárbara Vilela, psiquiatra e psicoterapeuta, observa que um dos principais motivos dessa ausência de intimidade entre casais millennials é o estilo de vida "workaholic" dessa geração. Além disso, questões financeiras e responsabilidades parentais adicionam uma camada extra de estresse. "É uma geração muito focada no trabalho, enfrentando um mercado em crise e preocupada em conquistar sua independência financeira e casa própria", declara Vilela.
Redes sociais e autopercepção
Outro fator que contribui para o fenômeno é a influência das redes sociais, que fomentam uma busca incessante pela perfeição física. Vilela aponta que essa busca pode levar a problemas de autoestima, que consequentemente diminuem o desejo sexual, sobretudo entre as mulheres.
A busca por soluções
A abordagem inicial ao tratar desses casos em consultório é entender se a falta de intimidade é realmente um problema para o casal. Vilela afirma que "alguns casais chegam a considerar a separação como solução, mas muitas vezes são outros fatores que estão impactando a relação, e a maior parte dos casais prefere buscar soluções e não se divorciar."
E as gerações mais velhas?
Curiosamente, enquanto a ausência de intimidade sexual tornou-se um desafio nos casamentos mais jovens, casais acima dos 60 anos demonstram uma vida sexual mais ativa. Antigamente, os problemas de intimidade eram mais frequentes em casais mais velhos devido a problemas de saúde, mas agora esse cenário parece estar mudando.
Para pensar
Bárbara Vilela ressalta que nem todos veem a falta de sexo como algo negativo. "Algumas pessoas optam por uma vida sem sexo ou se consideram assexuadas, e isso é completamente aceitável." Ela também enfatiza os benefícios do sexo para a saúde física e mental, embora observe que esses benefícios não são uma necessidade universal.
Embora este fenômeno seja complexo e multifacetado, fica claro que novas formas de relacionamento e desafios estão emergindo, especialmente para a geração millennial, exigindo uma abordagem mais nuanceada tanto da sociedade quanto dos profissionais da saúde mental.