Casos de suicídio entre jovens aumentam no Brasil: setembro amarelo destaca urgência da prevenção

Suicídios entre crianças e adolescentes preocupam autoridades de saúde no Brasil, com cerca de mil casos anuais na faixa etária de 10 a 19 anos

Por Plox

01/09/2024 10h32 - Atualizado há 5 meses

A chegada de setembro, mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio, traz à tona uma alarmante realidade no Brasil: o crescente número de suicídios entre crianças e adolescentes. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelam que, entre 2012 e 2021, cerca de mil jovens brasileiros, com idades entre 10 e 19 anos, tiram a própria vida a cada ano.

Foto: Viva JK/Divulgação
 

Números que assustam

Durante o período analisado, o país registrou um total de 9.954 casos de suicídios ou mortes por lesões autoprovocadas intencionalmente, conforme os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. A maior parte dessas tragédias envolve adolescentes, sendo 8.391 óbitos (84,29%) na faixa etária de 15 a 19 anos e 1.563 mortes (15,71%) entre crianças de 10 a 14 anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também destaca a gravidade da situação, informando que o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, superado apenas por acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. No Brasil, entre 2016 e 2021, a taxa de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentou 49,3%, atingindo 6,6 por 100 mil habitantes, enquanto entre jovens de 10 a 14 anos, o crescimento foi de 45%, com uma taxa de 1,33 por 100 mil.

Impacto global e necessidade de prevenção

De acordo com a OMS, em 2019, o Brasil registrou aproximadamente 14 mil casos de suicídio, ou seja, uma média de 38 suicídios por dia. Globalmente, o número de mortes por suicídio ultrapassa 700 mil por ano, podendo chegar a 1 milhão ao se considerar as subnotificações. A gravidade da situação é tamanha que mais pessoas morrem por suicídio do que por HIV, malária, câncer de mama, guerras ou homicídios.

A importância do tratamento

As autoridades de saúde sublinham que 96,8% dos suicídios estão associados a transtornos mentais, que podem ser tratados. A psicóloga e psicanalista Ethel Poll, coordenadora do Núcleo de Depressão da Holiste Psiquiatria, reforça a importância de um tratamento adequado e personalizado. “O tratamento adequado é um meio de se prevenir qualquer tipo de sofrimento e adoecimento psíquico, para que não chegue a esse fim trágico. Então, o tratamento deve ser planejado de acordo com a situação específica do paciente, levando em conta as dores, as angústias, os problemas, identificando as possíveis causas para a ocorrência desses pensamentos,” explica Poll.

Ela também ressalta que o suicídio não é um ato isolado, mas parte de um contexto mais amplo, envolvendo fatores socioculturais, genéticos, filosóficos e ambientais. Poll destaca ainda o papel crucial da prevenção, que é muitas vezes dificultada pelo estigma e pelo tabu em torno do tema. “Devido ao estigma e ao tabu em relação ao tema, muitas pessoas sentem que não podem ou não devem pedir ajuda,” afirma a especialista.

Onde buscar ajuda

Reconhecer os sinais de risco é fundamental. Caso você ou alguém que você conheça esteja enfrentando dificuldades relacionadas à saúde mental, é crucial buscar apoio. O site setembroamarelo.com oferece uma lista de profissionais capacitados e materiais informativos sobre prevenção ao suicídio, elaborados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Apoio do Centro de Valorização da Vida (CVV)

O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia, atendendo por telefone, e-mail e chat. Para buscar ajuda, ligue para o número 188 ou acesse o chat no site cvv.org.br/chat.

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