Governo investiga doença não identificada em crianças indígenas após protesto na BR-381

Ministério da Saúde mobiliza força-tarefa para averiguar contágio na aldeia Katurãma, com ações previstas para os próximos dias

Por Plox

01/09/2024 10h44 - Atualizado há cerca de 2 meses

O Ministério da Saúde está investigando uma doença infecciosa não identificada que está afetando crianças na aldeia indígena Katurãma, localizada em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Duas crianças da comunidade foram internadas no hospital João Paulo II, na capital mineira, apresentando sintomas como febre, diarreia e lesões na pele. Os exames realizados descartaram a possibilidade de Mpox, conforme esclareceu o Ministério da Saúde. "Uma equipe epidemiológica do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) trabalha na investigação do que pode ter causado as lesões na pele", declarou o ministério em nota.

Protesto dos Katurãma na BR-381

A situação de saúde alarmante na comunidade levou os indígenas a realizarem uma manifestação na BR-381, interrompendo o tráfego por aproximadamente 19 horas entre a noite de sexta-feira e a tarde de sábado (31 de agosto). O bloqueio aconteceu entre os quilômetros 517 e 506, na região que liga São Joaquim de Bicas a Betim, causando uma retenção de trânsito de cerca de 17 km. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatou que o protesto foi pacífico e que sua finalização foi alcançada após negociações com autoridades federais e estaduais.

Força-tarefa e ações futuras

O governo federal anunciou que uma força-tarefa será enviada à aldeia Katurãma no início de setembro para avaliar a situação de saúde pública na comunidade. Essa equipe será composta por membros do DSEI, profissionais de saúde do município e da mineradora Vale S.A. Entre as ações planejadas estão a busca ativa em todos os domicílios da aldeia para identificar possíveis outros casos da doença, além de campanhas educativas e mutirões de limpeza na área. Também será aplicado inseticida para controlar pragas como carrapatos e bichos de pé.

Demandas por saúde e abastecimento

A Cacica Angoho, uma das lideranças da aldeia, expressou nas redes sociais a preocupação com o estado de saúde das crianças e cobrou mais atenção das autoridades. "Exigimos saúde e dignidade humana, nós somos cidadãos brasileiros. Nossas crianças estão internadas, contaminadas, não vamos aceitar mais isso na nossa comunidade. Exigimos uma representante da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)", afirmou a cacica.

Além das questões de saúde, os indígenas também manifestaram descontentamento com a falta de abastecimento regular de água na aldeia, que já dura uma semana. No entanto, a Copasa, responsável pelo fornecimento de água, informou que o abastecimento está normal e que técnicos verificaram a pressão de água na rede, confirmando a operação regular do sistema.

Especulações sobre Mpox descartadas

Inicialmente, havia suspeitas de que a infecção entre as crianças poderia ser causada por um surto de Mpox, mas essa hipótese foi descartada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Em nota, a SES-MG confirmou a internação das duas crianças e ressaltou que o estado clínico delas é estável, embora apresentem sintomas preocupantes, como febre, diarreia e lesões cutâneas.

 

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