Mais de 800 morrem após terremoto devastar regiões do Afeganistão

Um forte terremoto de 6 graus de magnitude causou uma tragédia no leste do Afeganistão neste domingo (31), matando mais de 800 pessoas e deixando ao menos 2.700 feridas, segundo autoridades locais.

Foto: Reprodução de vídeo

O epicentro do abalo foi localizado a 27 quilômetros de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, a apenas oito quilômetros de profundidade, conforme informou o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS). Cinco tremores secundários foram registrados, sendo o mais forte de 5,2 graus.

O impacto mais severo foi sentido na província de Kunar, onde o governo talibã relatou 800 mortos e 2.500 feridos. Já em Nangarhar, foram confirmadas 12 mortes e 255 pessoas feridas. O governo também anunciou o envio de helicópteros de resgate e 40 voos de apoio com ajuda humanitária para as áreas atingidas.

O porta-voz oficial, Zabihullah Mujahid, informou que os números podem aumentar, à medida que as equipes de resgate avançam por áreas remotas. Segundo ele, os danos em Kunar são considerados \"muito significativos\".

Ijaz Ulhaq Yaad, funcionário da administração do distrito de Nourgal, relatou momentos de pânico: \"Nunca vivemos nada parecido. Foi assustador, as crianças e as mulheres gritavam\", afirmou.

O terremoto atinge um momento delicado para o país, que já enfrenta grave crise humanitária após décadas de conflitos e a redução de ajuda internacional desde a volta do regime talibã em 2021. A região afetada também abriga milhares de famílias que retornaram recentemente de exílio no Paquistão e Irã. Em Kunar, aproximadamente 2.000 famílias de refugiados tentavam reconstruir suas vidas na região agrícola próxima à fronteira paquistanesa.

A província de Nangarhar, além do terremoto, sofreu com inundações na noite de sexta-feira anterior, que deixaram cinco mortos e causaram destruição em plantações, agravando ainda mais o cenário de calamidade.

O Afeganistão está localizado próximo à cadeia montanhosa de Hindu Kush, onde o encontro das placas tectônicas da Eurásia e da Índia torna a região altamente sísmica. Em 2023, o país já havia sofrido com outro terremoto de grande magnitude em Herat, que causou mais de 1.500 mortes e destruiu 63 mil casas.

Outros tremores marcantes ocorreram nos últimos anos. Em 2022, um abalo de 5,9 graus atingiu a província de Paktika, matando mais de mil pessoas. Já em 2015, um terremoto de 7,5 graus provocou a morte de mais de 380 pessoas entre Afeganistão e Paquistão.

A tragédia atual reacende o alerta para a vulnerabilidade da população afegã diante de desastres naturais e a urgência de apoio internacional efetivo.