Congresso trava orçamento e paralisa governo dos EUA
Impasse entre democratas e republicanos sobre programas de saúde bloqueia aprovação do financiamento federal e provoca o 15º shutdown desde 1981
Por Plox
01/10/2025 10h46 - Atualizado há 12 dias
O governo dos Estados Unidos foi oficialmente paralisado nesta quarta-feira (1º), após o Congresso norte-americano não chegar a um acordo para prorrogar o financiamento federal. Essa situação, conhecida como \"shutdown\", representa a 15ª paralisação desse tipo desde 1981.

A crise se agravou nas últimas horas, quando parlamentares tentaram, sem sucesso, votar uma proposta orçamentária no Senado. A proposta mais recente obteve apenas 55 votos, cinco a menos que o mínimo necessário para sua aprovação.
No cerne da disputa está o tema da saúde pública. Os democratas condicionam o apoio ao orçamento à prorrogação de programas de assistência médica que estão prestes a vencer. Do outro lado, republicanos ligados ao ex-presidente Donald Trump insistem que as questões de saúde devem ser discutidas separadamente do orçamento.
Com o fracasso nas negociações, milhares de servidores públicos serão colocados em licença não remunerada. Aqueles que atuam em áreas consideradas essenciais, como segurança nacional e controle de fronteiras, continuarão trabalhando, porém com pagamento suspenso temporariamente. A Casa Branca, por meio de suas redes sociais, declarou que o país enfrenta um \"shutdown democrata\", responsabilizando o outro lado do Congresso pelo impasse.
Durante uma reunião na Casa Branca na última segunda-feira (29), líderes republicanos e democratas tentaram avançar nas negociações junto ao presidente, mas não houve progresso. Desde então, os dois lados trocam acusações públicas sobre quem estaria forçando a paralisação. A tensão aumentou ainda mais após declarações de Trump, que ameaçou tomar medidas graves e definitivas, como demitir servidores e encerrar programas ligados aos adversários políticos.
Enquanto o orçamento não for aprovado, diversos serviços serão afetados. Apenas atividades classificadas como essenciais continuarão operando, incluindo fiscalização de imigração, segurança pública e parte do sistema de controle aéreo. Entretanto, os salários dos profissionais dessas áreas serão congelados até que o financiamento seja retomado.
O impacto se estende ao turismo: companhias aéreas já alertaram para possíveis atrasos de voos nos próximos dias. Locais emblemáticos como a Estátua da Liberdade, em Nova York, e o National Mall, em Washington, devem fechar temporariamente ou suspender suas atividades internas. Museus, parques nacionais e zoológicos federais também estão na lista dos afetados.
“Fazer coisas ruins e irreversíveis”, disse Trump ao ameaçar medidas drásticas caso o governo fosse paralisado.
Apesar da crise, alguns serviços sociais seguirão operando. O pagamento de aposentadorias, benefícios por invalidez e certos programas de saúde estão garantidos. Já os dados econômicos que o governo costuma divulgar podem sofrer atrasos, impactando investidores e decisões de políticas públicas.
A última vez que os EUA enfrentaram uma paralisação federal foi entre 2018 e 2019, também sob o governo de Donald Trump. Naquela ocasião, o impasse girava em torno do financiamento para a construção do muro na fronteira com o México. A paralisação durou 35 dias e causou um prejuízo estimado de US$ 3 bilhões ao país.
Enquanto o Congresso não encontra um caminho comum, o país segue com serviços limitados e incertezas sobre os próximos passos diante do impasse político que se agrava a poucos meses das eleições legislativas de 2026.