Alta significativa no preço do azeite afeta consumidores brasileiros

Seca na Europa e demanda crescente elevam custos; produção nacional ainda incipiente

Por Plox

01/12/2023 07h54 - Atualizado há mais de 1 ano

O azeite de oliva, tradicional componente das festas de fim de ano no Brasil, enfrenta uma alta expressiva de preços. Comparando com o ano passado, o produto sofreu um aumento de 26,69%, conforme dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, uma pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revela uma variação de preços de até 94% para a embalagem de 500 ml, oscilando entre R$ 27,29 e R$ 52,99, dependendo do supermercado.

 

A razão para esse aumento significativo é a severa seca na Europa, que prejudicou as oliviculturas, especialmente na Espanha e na Itália, os maiores produtores mundiais de azeite. A Espanha projeta uma redução de 39% na produção para o período 2022/2023, comparado ao ciclo anterior. Na Itália, alguns produtores relatam quedas de até 80% no cultivo.

 

O impacto é sentido diretamente no Brasil, o terceiro maior importador mundial de azeite de oliva, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. A produção nacional, embora em crescimento, ainda é modesta, representando apenas 0,24% do consumo interno com 503 toneladas em 2022, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

 

Pedro Moura, engenheiro agrônomo do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), esclarece que a produção nacional ainda é insuficiente para suprir a demanda. "Com a diminuição da oferta no mercado internacional, os preços subiram bastante. Estamos entrando na temporada de festas de fim de ano, quando o consumo aumenta naturalmente", explicou Moura, antecipando que os preços devem continuar em ascensão até pelo menos 2024.

 

Moura também destaca a produção gourmet nacional, cujo custo é mais elevado devido ao processo de produção e ao valor agregado. Ele menciona que a olivicultura é recente no Brasil, com a primeira produção datando de 15 anos atrás, e requer pesquisa e tempo, já que a oliveira demanda condições climáticas específicas para prosperar.

 

Diante desse cenário, o especialista aconselha os consumidores a pesquisarem preços e terem cautela com ofertas muito atraentes. A qualidade do azeite também é um ponto crucial. Moura enfatiza a importância de escolher azeite extravirgem, mais saudável e indicado para consumo em saladas e molhos. Ele alerta sobre as opções mais baratas, como os óleos mistos, e os azeites saborizados artificialmente, que não devem ser classificados como azeite puro.

 

Finalmente, Moura ressalta a necessidade de atenção às fraudes, pois o azeite é o segundo produto mais fraudado no mundo. Ele recomenda que os consumidores verifiquem as informações do importador ou embalador nos rótulos e consultem seus sites, além de procurar o selo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em produtos importados.

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