Brasil lidera ranking de insatisfação entre trabalhadores na América Latina
Pesquisa global destaca altos índices de estresse, tristeza e raiva no ambiente de trabalho brasileiro, com impacto significativo na economia global.
Por Plox
01/12/2024 11h31 - Atualizado há 10 dias
Alta insatisfação no mercado de trabalho brasileiro
O Brasil ocupa a quarta posição na América Latina em relação ao número de trabalhadores insatisfeitos, segundo um estudo conduzido pela consultoria Gallup. Cerca de 25% dos profissionais brasileiros relatam tristeza diária no trabalho, ficando atrás de Bolívia (32%), El Salvador (26%) e Jamaica (26%). Além disso, 18% dos trabalhadores brasileiros enfrentam sentimentos de raiva diariamente, enquanto 46% apontam o estresse como uma constante em suas rotinas profissionais.
Esses números preocupantes refletem um cenário global desafiador: a perda de produtividade ligada ao estresse e à infelicidade custa à economia mundial cerca de US$ 8,9 trilhões por ano, representando 9% do PIB global.
Gestão e saúde mental: o impacto direto no bem-estar
A qualidade da liderança empresarial tem uma influência significativa na saúde mental dos trabalhadores. Funcionários sob uma gestão ineficaz têm 60% mais chances de sofrer altos níveis de estresse, de acordo com a pesquisa. Essa realidade ressalta a necessidade de investimentos em lideranças empáticas e ambientes que promovam segurança psicológica.
Para Juliana Rodermel, especialista em saúde mental no trabalho, o bem-estar emocional dos colaboradores é essencial para o sucesso organizacional. Ela destaca a importância de criar espaços onde os funcionários se sintam ouvidos e valorizados, além de iniciativas que incentivem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. "Empresas que cuidam de seus times veem resultados em inovação, engajamento e retenção", afirma.
Inteligência emocional como ferramenta pessoal
Além do papel das empresas, a médica e consultora Simone Nascimento aponta que o autoconhecimento e a inteligência emocional são fundamentais para os profissionais enfrentarem adversidades. "Felicidade no trabalho e na vida não é sobre não ter problemas, mas sobre como lidamos com eles", observa.
Escala 6x1 em debate: um passo para a saúde mental?
A proposta de emenda à Constituição (PEC) para abolir a escala 6x1 reacendeu o debate sobre jornadas de trabalho extenuantes no Brasil. Atualmente, muitos trabalhadores enfrentam seis dias consecutivos de trabalho para apenas um dia de descanso. Especialistas afirmam que mudanças nesse modelo podem beneficiar não apenas a saúde mental, mas também a convivência familiar, a capacitação profissional e a prática de atividades físicas.
Rodermel, no entanto, alerta que a redução de jornadas deve ser acompanhada por ajustes na carga de trabalho e suporte emocional para garantir um impacto positivo.
História inspiradora: da adversidade ao empreendedorismo da felicidade
A publicitária Flávia da Veiga encontrou um propósito em meio a grandes desafios pessoais. Após enfrentar estresse pós-traumático e depressão, ela criou o aplicativo BeHappier, focado em promover a felicidade no ambiente corporativo. Sua startup, que surgiu como um projeto social, hoje é uma consultoria que auxilia empresas a cultivarem hábitos que melhoram o bem-estar dos colaboradores.
Veiga enfatiza que sua trajetória transformadora é um exemplo de como a busca pela felicidade pode ser um motor de inovação e resiliência. "Entendi que a felicidade era minha missão", relata, destacando os impactos positivos de suas iniciativas no ambiente corporativo.