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Ipea: 35% das vítimas de acidentes de moto no Brasil tem entre 20 e 29 anos

Estudo aponta que jovens de 20 a 29 anos concentram 35% das mortes e das internações de motociclistas entre 2005 e 2024, em meio a explosão da frota e pressão crescente sobre o SUS

01/12/2025 às 10:56 por Redação Plox

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que praticamente um terço das vítimas de acidentes com motos no Brasil está na faixa dos 20 aos 29 anos. Entre 2005 e 2024, mais de 75 mil jovens nessa idade morreram em ocorrências envolvendo motocicletas no país.


Levantamento do Ipea aponta que, entre 2005 e 2024, mais de 75 mil jovens de 20 a 29 anos morreram em acidentes com motocicletas no Brasil

Levantamento do Ipea aponta que, entre 2005 e 2024, mais de 75 mil jovens de 20 a 29 anos morreram em acidentes com motocicletas no Brasil

Foto: Reprodução / Agência Brasil.



De acordo com o levantamento, esse grupo etário concentra 35% das mortes em acidentes de moto registradas no período, proporção bem superior à participação dessa faixa na população brasileira. O mesmo índice se repete nas internações: foram 654 mil hospitalizações de motociclistas de 20 a 29 anos, também equivalentes a 35% do total.

Perfil das vítimas e expansão da frota de motocicletas

O estudo “Mortalidade e morbidade das motocicletas e os riscos da implantação do mototáxi no Brasil” aponta que o número de mortes relacionadas a motocicletas cresceu 15 vezes entre 1996 e 2023. No mesmo intervalo, a frota passou de 2,7 milhões para 34 milhões de motos.


Segundo a nota técnica do Ipea, a maioria das vítimas de sinistros de trânsito com motocicletas é formada por homens, jovens, pardos e com baixa ou média escolaridade, o que indica predominância de baixa renda. Cerca de 90% têm, no máximo, o ensino médio, o que, segundo o estudo, reduz as chances de inserção em mercados de trabalho mais bem remunerados e empurra muitos para atividades em aplicativos de entrega ou transporte sobre duas rodas, aumentando a exposição aos riscos no trânsito.

Mototáxi em alta e alerta no maior centro urbano do país

O levantamento é divulgado em um momento em que a cidade de São Paulo se prepara para o início do serviço de mototáxi (ou motoapp), anunciado por plataformas como Uber e 99 para 11 de dezembro. A expansão desse tipo de serviço reacende o debate sobre segurança viária e impactos sobre o sistema de saúde.

Mortalidade em alta e pressão sobre o SUS

Dados do Ipea, com base no Datasus, mostram que o número oficial de mortos em acidentes com motos subiu de 792, em 1996, para 13.521, em 2023. A taxa de mortalidade atingiu um pico em 2014, voltou a crescer recentemente e, há dois anos, chegou a 6,4 óbitos por 100 mil habitantes.


As hospitalizações também dispararam. As internações no SUS de pessoas acidentadas com motocicletas cresceram 11 vezes entre 1998 e 2024, alcançando mais de 165 mil casos. As vítimas de acidentes com moto responderam por 60% de todas as internações relacionadas ao transporte, embora a frota de motocicletas seja quase três vezes menor que a de automóveis.

Escalada de custos para o sistema público de saúde

A nota técnica do Ipea chama a atenção para o impacto financeiro sobre o SUS. Em valores reais, corrigidos pelo IPCA de junho de 2025, os gastos com internações de acidentados com motos passaram de R$ 41 milhões, em 1998, para R$ 273 milhões, em 2024, com tendência de aumento persistente.


Nesse contexto, o estudo reforça a centralidade do grupo de 20 a 29 anos na estatística de vítimas e a pressão crescente sobre o sistema de saúde e sobre as políticas de segurança viária no país.

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