Polícia

IML divulga causa da morte de jovem atacado por leoa em zoológico

Gerson de Melo Machado, de 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho”, invadiu o recinto da leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara e morreu após ser atacado; laudo aponta choque hemorrágico por perfuração de vasos cervicais

01/12/2025 às 16:10 por Redação Plox

O jovem Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, de 19 anos, morreu após ser atacado por uma leoa ao invadir a jaula do animal no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, no último domingo (30). Segundo a conselheira tutelar que o acompanhou por oito anos, ele sofria de transtornos mentais.

O IML (Instituto Médico Legal) de João Pessoa (PB) divulgou, na tarde desta segunda-feira (1º), o laudo com a causa da morte do rapaz.



Causa da morte e exames complementares

De acordo com o Instituto Médico Legal, Gerson morreu em decorrência de choque hemorrágico provocado pelo perfuramento de vasos cervicais, que incluem artérias e veias na região do pescoço, provavelmente causado pela mordida da leoa.

O órgão informou ainda que foi solicitado um exame toxicológico complementar e que o corpo passará por um procedimento de “identificação técnica”. O corpo só será liberado à família após a conclusão de todos os trâmites legais.

Como foi o ataque dentro do zoológico

O ataque aconteceu durante o horário de funcionamento do parque e foi registrado em diversos vídeos que circulam nas redes sociais. As imagens mostram o momento em que “Vaqueirinho” escala um muro de mais de seis metros para acessar a área onde fica a jaula da leoa.

Em um dos ângulos, o jovem aparece caminhando sobre uma tela de proteção. Segundos depois, visitantes filmam Gerson já pendurado em uma árvore que dá acesso ao recinto do animal. As gravações mostram que, após descer pela árvore, ele é atacado pela leoa pelas pernas. Em seguida, é possível vê-lo tentando se desvencilhar do animal antes de ser morto.

A Prefeitura de João Pessoa informou que a leoa receberá todos os cuidados necessários e reforçou que não houve, em nenhum momento, a cogitação de eutanásia do animal.

Infância marcada por vulnerabilidade e transtornos mentais

Gerson de Melo Machado ficou conhecido como “Vaqueirinho” e tinha 19 anos. Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhou por oito anos, o jovem sofria de transtornos mentais, cresceu sem apoio familiar e sonhava em viajar para a África para se tornar domador de leões.

De acordo com ela, “Vaqueirinho” era filho de uma mãe com esquizofrenia e tinha avós com comprometimentos mentais, vivendo em situação de pobreza extrema. O primeiro contato de Verônica com o jovem ocorreu quando ele tinha 10 anos, após ser encaminhado ao Conselho Tutelar pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na época, ele foi encontrado caminhando sozinho à beira de uma rodovia federal, depois de fugir de um abrigo.

“Ele, embora estivesse destituído, amava a mãe e sonhava que ela conseguisse cuidar dele. Evadia do abrigo e ia direto para a casa da avó e da mãe”. Verônica Oliveira

Segundo a conselheira, Gerson era um dos quatro irmãos disponíveis para adoção, mas foi o único que não chegou a ser adotado, possivelmente por causa dos transtornos mentais. O diagnóstico formal só foi obtido quando ele entrou no sistema socioeducativo, em 2023.

Verônica relatou que o laudo médico confirmando os transtornos chegou apenas depois de anos de violações e violências sofridas. Ao longo da adolescência, Gerson foi apreendido diversas vezes por delitos leves e, já maior de idade, acabou preso em situações mais graves.

Na semana anterior à morte, ele havia sido detido após tentar arrombar um caixa eletrônico e atirar pedras ao avistar uma viatura. Encaminhado ao Presídio do Roger, foi liberado no dia seguinte, após audiência de custódia, e direcionado para tratamento psiquiátrico. O documento mais recente mencionava também diagnóstico de esquizofrenia.

Situação da leoa após o ataque

Segundo a Prefeitura de João Pessoa, após o ataque, a leoa ficou “estressada” e em “choque”. O veterinário responsável, Thiago Nery, informou que o animal está sendo monitorado e respondeu aos comandos de treinamento, sendo posteriormente tranquilizado.

Chamada de Leona, a leoa não será sacrificada, conforme a direção do Parque Arruda Câmara. A administração reforçou que, em nenhum momento, houve a possibilidade de sacrificar o animal, que está saudável e nunca havia apresentado comportamento agressivo fora do contexto do ataque.

Após o episódio, o parque foi fechado por tempo indeterminado.

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