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Rede de depilação promete lucros, mas vira golpe com 40 mil denúncias

Justiça do DF bloqueia R$ 28 milhões em bens de influenciador que se apresentava como dono da rede, enquanto investidores relatam prejuízos milionários e consumidores reclamam de serviços não prestados e negativação indevida

01/12/2025 às 09:40 por Redação Plox

Uma promessa de ganhos fáceis com investimentos em uma rede de lojas de procedimentos estéticos acabou se revelando um golpe que já acumula mais de 47 mil denúncias. Há suspeitas de que o empresário que se apresentava como dono do negócio tenha deixado o Brasil para evitar a prisão.

O caso foi destaque no Fantástico deste domingo (30).


Mais de 47 mil pessoas tiveram prejuízo após confiarem em empresário e acabarem vítimas de promessas vazias

Mais de 47 mil pessoas tiveram prejuízo após confiarem em empresário e acabarem vítimas de promessas vazias

Foto: Reprodução/TV Glob

Expansão rápida e promessa de lucros mensais

Criada em São José do Rio Preto (SP), a rede Laser Fast oferecia cotas de participação em suas lojas com a promessa de pagamento mensal proporcional ao lucro. No auge da operação, a marca chegou a contar com cerca de 200 unidades espalhadas pelo país.

A empresária Paula Esteves, uma das investidoras, entrou no negócio em 2020 e, inicialmente, recebeu parte dos rendimentos prometidos.

Segundo ela, os pagamentos começaram a atrasar em 2023 e, depois, simplesmente pararam. Paula tentou vender suas cotas e registrou reclamações no site Reclame Aqui. As respostas que recebeu, porém, condicionavam qualquer acordo à retirada das queixas na plataforma.

Sem conseguir negociar, ela calcula um prejuízo em torno de R$ 1 milhão, somando o que investiu e o dinheiro aportado por familiares.

Clientes também relatam prejuízos

Os problemas não ficaram restritos aos investidores. Consumidores que contrataram serviços da rede também relatam ter sido lesados.

Uma cliente contou que fechou um pacote de depilação a laser durante a gravidez, mas nunca conseguiu realizar as sessões contratadas. Ao tentar fechar um novo pacote em outro momento, descobriu que seu nome estava negativado no Serasa por parcelas que, segundo ela, haviam sido suspensas seguindo orientação da própria empresa.

Denúncias em massa e reação das autoridades

As mais de 47 mil reclamações publicadas na internet levaram a Justiça de Defesa do Consumidor do Distrito Federal a abrir investigação sobre a empresa.

O Ministério Público do Distrito Federal obteve na Justiça uma ordem de bloqueio de R$ 28 milhões em bens de David Pinto, empresário que se apresentava como proprietário da Laser Fast e que acumula quase um milhão de seguidores nas redes sociais. Até o momento, porém, nenhum valor foi efetivamente recuperado, e há indícios de que ele tenha deixado o país.

Não foi conseguido apreender nem um centavo. Ele já tinha levado o dinheiro embora, tinha sumido com o dinheiro. As notícias que chegam dos consumidores, inclusive ele já foi visto no exterior por consumidor. Mas se a gente encontrar em alguma parte do mundo esse dinheiro vai ser repatriado para o Brasil

promotor Paulo Roberto Binicheski

Inquérito por estelionato e alerta da CVM

Em São José do Rio Preto, onde a Laser Fast foi criada, a polícia instaurou um inquérito para apurar suspeita de estelionato com fraude eletrônica.

O esquema de venda de cotas da rede chegou a ser analisado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O parecer do órgão apontou que os contratos oferecidos pela empresa só poderiam ser comercializados mediante registro prévio na CVM. Como esse registro não existia, a oferta deveria ser imediatamente encerrada.

O descumprimento da determinação resultaria em multa diária de R$ 100 mil.


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