Não perca nenhuma notícia que movimenta o Brasil e sua cidade.
É notícia? tá no Plox
Política
Zema usa segurança pública para se projetar nacionalmente e alimentar plano ao Planalto em 2026
Governador de Minas intensifica agenda contra o crime organizado, explora megaoperação no Rio e críticas a Lula, enquanto enfrenta questionamentos internos sobre déficit de efetivo e estrutura das forças de segurança no estado
01/12/2025 às 10:25por Redação Plox
01/12/2025 às 10:25
— por Redação Plox
Compartilhe a notícia:
À medida que avançam no Congresso Nacional propostas de combate ao crime organizado, como a aprovação do chamado PL Antifacção na Câmara dos Deputados, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), intensifica o uso da pauta da segurança pública para fortalecer sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Nas redes sociais, ele tem usado o tema para “marcar território” no debate nacional, sobretudo após a megaoperação contra o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos em 28 de outubro.
Em publicação de 10/11, Zema afirma que Minas não se tornará “quintal de terrorista” e destaca a redução da criminalidade no estado
Foto: Reprodução/Instagram @romeuzemaoficial
Entre 28/10 e 20/11, Zema fez 55 publicações no Instagram, sua principal plataforma, onde reúne quase 2 milhões de seguidores. Em pelo menos 31 delas, a segurança pública e o combate a facções aparecem como assunto central ou secundário. As postagens combinam defesa do enquadramento de integrantes de quadrilhas armadas como terroristas, críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e exposição de resultados de operações das forças de segurança de Minas Gerais.
Zema explora rede social e viagens para se projetar
Em 10 de novembro, em uma dessas publicações, o governador afirmou que “Minas não vai se tornar quintal de terrorista” e exaltou a queda da criminalidade no Estado. Em outra postagem, no fim de outubro, ao comentar a operação no Rio de Janeiro, destacou que “até drone com granada os traficantes usaram”.
As manifestações nas redes dialogam com o tripé que Zema apresentou ao lançar seu projeto nacional, segundo interlocutores. Ao se colocar no tabuleiro presidencial, o governador estabeleceu como objetivo “livrar o Brasil do PT, dos parasitas do estado e das facções criminosas”. Um aliado próximo sustenta que ele já se movimenta como pré-candidato desde maio, quando esteve em El Salvador e passou a adotar um discurso mais incisivo na área de segurança pública.
Além da atuação digital, Zema tem associado o discurso a agendas políticas. Logo após a megaoperação no Rio, viajou ao estado e se reuniu com o governador Cláudio Castro (PL). Também esteve em Brasília em encontros com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e governadores alinhados à direita, durante a tramitação do PL Antifacção. Na ocasião, concedeu coletiva sozinho após a reunião, em movimento interpretado como tentativa de assumir protagonismo na defesa de mudanças profundas na legislação contra o crime organizado.
Segurança pública ganha centralidade rumo a 2026
Nos bastidores, a avaliação é que o combate às facções se consolidou como um dos temas de maior interesse do eleitorado, o que explicaria a ênfase de Zema na área. A percepção é compartilhada pelo cientista político Adriano Cerqueira, para quem a megaoperação no Rio impactou a política nacional, trouxe a segurança para o centro da agenda de 2026 e deve transformar o tema em um dos eixos dominantes da próxima disputa presidencial.
Cerqueira avalia ainda que, nesse debate, Zema e outros governadores de direita cotados para o Planalto, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, podem ganhar vantagem sobre Lula. Segundo ele, o presidente não tem reagido bem à operação no Rio de Janeiro, o que teria afetado sua avaliação pública. Em 12 de novembro, pesquisa Genial/Quaest apontou queda da aprovação do governo Lula para 47%.
Críticas internas à gestão da segurança em Minas
Enquanto projeta a imagem de defensor da segurança pública no cenário nacional, Zema enfrenta críticas dentro de Minas, especialmente de deputados ligados às forças policiais. O presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Sargento Rodrigues (PL), contesta a narrativa do governador.
Rodrigues afirma que as polícias Militar, Civil e Penal e o Corpo de Bombeiros operam com déficit de efetivo e relatam problemas que vão de precariedade estrutural em unidades à falta de armamentos e equipamentos. Para o parlamentar, a situação atual é uma das mais graves em décadas no Estado e contrasta com a imagem de eficiência difundida nas redes sociais.
Governo cita reajustes, investimentos e operações
Em resposta, o governo mineiro sustenta que tem valorizado as forças de segurança e investido na área desde 2019. A gestão afirma que os profissionais receberam recomposição inflacionária de 13% em 2020, foram os primeiros a ter o salário pago em dia a partir de 2019, após seis anos de parcelamentos, e foram incluídos na recomposição de 10,06% concedida ao funcionalismo em 2022, o que totalizaria reajuste geral de 23% para a categoria.
O Executivo estadual também relaciona a política de investimentos à busca por sustentabilidade fiscal, mencionando o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas (Propag) como mecanismo para tornar o pagamento da dívida com a União mais administrável e, no futuro, abrir espaço para avanços adicionais nas políticas de valorização dos servidores.
Segundo o governo, desde 2019 houve aumento de 60% nos investimentos em segurança, o que teria ajudado Minas a alcançar a vice-liderança no ranking de estados com maior sensação de segurança do país em 2023, com 87% da população declarando sentir-se segura na região onde mora, de acordo com pesquisa do IBGE que abrangeu os 853 municípios mineiros.
Operações contra facções e estrutura de inteligência
Na frente do combate ao crime organizado, a gestão de Zema afirma ter reforçado operações integradas em todo o Estado, com foco em facções criminosas e no monitoramento de possíveis conexões entre grupos, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp MG).
Com o apoio do Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública (SEISP), que articula Sejusp MG, Polícia Militar (PMMG), Polícia Civil (PCMG), Polícia Penal (PPMG), Ministério Público, Tribunal de Justiça, Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase) e outros órgãos, o governo informa que 360 foragidos da Justiça foram recapturados apenas em 2024. A estratégia combinaria tecnologia e inteligência integrada para alcançar também lideranças criminosas em diferentes regiões mineiras.
A Sejusp MG diz ter implementado uma política rigorosa de isolamento de integrantes de facções em unidades prisionais especiais, com monitoramento permanente e operações frequentes de revistas, para impedir novos rituais de associação e enfraquecer o crescimento dos grupos. Cita ainda a criação, em 2024, do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (GERCO), em parceria com a Polícia Civil, responsável por prisões de integrantes do Comando Vermelho que haviam fugido de presídios e pela desarticulação de lideranças em Minas.
Outra frente destacada é o Centro Integrado de Inteligência Cibernética (CIBERINT), voltado ao monitoramento de membros de organizações criminosas no ambiente digital. Já a Metodologia de Integração da Gestão em Segurança Pública (Igesp), desenvolvida pela Sejusp, é apresentada como ferramenta para intensificar ações em áreas classificadas como Zonas Quentes de Criminalidade (ZQC), com estímulo à troca contínua de informações entre as forças de segurança.
Reforço de efetivo e infraestrutura das polícias
Na Polícia Militar, o Plano Estratégico da corporação prevê investimento superior a R$ 1,1 bilhão entre 2024 e 2027, sendo R$ 236,2 milhões destinados apenas em 2023. Conforme a gestão, 3.170 militares foram incorporados em 2023 e 65 em 2025, além da realização de concurso para mais de 3.100 vagas. O projeto inclui aquisição de veículos, armamentos, coletes de proteção balística e outros equipamentos.
Na Polícia Civil, o governo informa que, entre 2019 e 2022, mais de 1.550 servidores ingressaram nas carreiras da instituição e mais de 80 unidades, entre delegacias territoriais e especializadas, foram inauguradas. Em 2023, foi aberto concurso com 255 vagas, incluindo postos para delegado, investigador, médico-legista e perito criminal, além do ingresso de 68 novos escrivães em curso de formação.
A gestão contabiliza ainda investimentos superiores a R$ 85 milhões, nos últimos quatro anos, na renovação da frota da Polícia Civil, com a compra de mais de mil veículos, e mais de 3,4 mil operações realizadas em 2023, resultando em mais de 5 mil prisões, além da entrega de viaturas, armas de fogo e drones.
Sistema prisional e novos concursos
No sistema prisional e socioeducativo, o governo afirma ter destinado R$ 170 milhões, a partir de 2021, para reformas, ampliações e novas construções. Também reforçou a frota da Polícia Penal com 203 viaturas exclusivas para o Depen-MG e deu posse a cerca de 3.400 policiais penais no último ano, além de lançar edital para 1.178 novas vagas no sistema prisional em 2024.
Com esse conjunto de ações, a gestão Zema tenta sustentar a imagem de que Minas é hoje uma referência em segurança pública, ao mesmo tempo em que projeta nacionalmente um discurso duro contra o crime organizado, em sintonia com a estratégia de construção de sua pré-candidatura ao Planalto em 2026.
Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi detido em hotel na Zona Leste após atropelar e arrastar a ex-mulher, Taynara Souza Santos, de 31, por cerca de 1 km na Zona Norte de São Paulo; caso é investigado como tentativa de feminicídio
Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi detido em hotel na Zona Leste após atropelar e arrastar a ex-mulher, Taynara Souza Santos, de 31, por cerca de 1 km na Zona Norte de São Paulo; caso é investigado como tentativa de feminicídio