Petrobras mantém preços do diesel estáveis em 2024 e "abrasileira" estratégia de preços
Estatal encerra o ano com o diesel abaixo da paridade de importação e sem reajustes, enquanto gasolina teve apenas uma alteração no período.
Por Plox
02/01/2025 09h58 - Atualizado há cerca de 1 mês
Pela primeira vez em 13 anos, a Petrobras concluiu o ano de 2024 sem realizar reajustes no preço do óleo diesel em suas refinarias, mesmo diante de um cenário de alta volatilidade internacional. Em contraste, o preço da gasolina sofreu apenas um reajuste, ocorrido em julho. Durante o ano, a estatal comercializou o diesel a um preço médio de R$ 3,53 por litro, enquanto a paridade de importação da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) indicava um valor médio de R$ 3,70, resultando em uma defasagem de aproximadamente 5%.

Impactos econômicos e estabilidade inflacionária
De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás (Ineep), a manutenção de preços estáveis desempenhou um papel crucial na contenção de pressões inflacionárias. O diesel, essencial para o transporte de mercadorias no Brasil, registrou uma defasagem ainda maior nas últimas semanas do ano, chegando a 15% em 19 de dezembro, conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Petróleo (Abicom).
O Ineep destacou que a nova política de preços adotada pela Petrobras, desde maio de 2023, ajusta os valores dos combustíveis com base na realidade produtiva e logística nacional. “Essa estratégia é essencial para mitigar os efeitos das flutuações dos preços internacionais sobre os consumidores brasileiros”, afirmou o instituto.
Mudanças na formação de preços
A Petrobras deixou de adotar a paridade de importação como único parâmetro para precificar combustíveis, privilegiando condições internas de produção e logística. Em nota oficial, a estatal afirmou que sua nova abordagem comercial “mitiga a volatilidade do mercado internacional e da taxa de câmbio, proporcionando estabilidade de preços e competitividade”.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou em entrevista à Band TV que a empresa conseguiu "abrasileirar" os preços, garantindo valores mais acessíveis para os consumidores brasileiros, enquanto manteve sua lucratividade.
Críticas e desafios no mercado
Apesar dos benefícios, o mercado aponta riscos associados à política de preços. Analistas do banco Santander consideraram a prática de vender combustíveis abaixo do custo de produção um ponto crítico na tese de investimentos na Petrobras. No passado, medidas semelhantes resultaram em prejuízos bilionários, como no fim do primeiro governo Dilma Rousseff, devido ao represamento de preços em períodos de alta internacional do petróleo.
Além disso, a lucratividade da área de refino da Petrobras sofreu uma queda significativa, atingindo R$ 6,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2024, quase metade do valor registrado no mesmo período de 2023. A estatal minimizou o impacto da política de preços, destacando que a queda das margens de refino é um fenômeno global e que, em 2024, obteve forte geração operacional de caixa e reduziu sua dívida bruta ao menor nível desde 2008.
Gasolina também com preços abaixo da paridade
No caso da gasolina, a Petrobras operou abaixo da paridade de importação em grande parte do ano, exceto por nove semanas entre setembro e outubro e no início de 2024. Até dezembro, a defasagem média alcançou 9,5%, conforme dados do Ineep.