Prefeito eleito é preso por ligação com facção no dia da posse
Justiça afasta prefeito e vice por suspeitas de abuso de poder político e econômico; presidente da Câmara assume interinamente.
Por Plox
02/01/2025 16h18 - Atualizado há cerca de 1 mês
O prefeito eleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, conhecido como Braguinha (PSB), foi preso na tarde de 1º de janeiro, momentos antes de tomar posse para seu segundo mandato. A prisão ocorreu em meio a acusações de que o político teria contado com o apoio da facção criminosa Comando Vermelho (CV) durante sua campanha eleitoral em 2024. Segundo as investigações, membros do CV teriam coagido e ameaçado eleitores, favorecendo Braguinha no pleito.

Além da prisão, a Justiça determinou a busca e apreensão na residência de Braguinha, que foi levado a Fortaleza para os procedimentos legais. Já o vice-prefeito eleito, Francisco Gardel Mesquita Ribeiro, o Gardel Padeiro, também investigado no mesmo caso, foi impedido de assumir o cargo, mas não teve prisão decretada.
Filho assume interinamente a prefeitura
Com a impossibilidade de Braguinha e Gardel Padeiro assumirem seus mandatos, a prefeitura será comandada, de forma interina, pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Joel Barroso (PSB), filho de Braguinha. A decisão segue o rito de sucessão legal estabelecido pela Justiça Eleitoral do Ceará.
Durante a posse da nova mesa diretora da Câmara, a vice-presidente Emanuela Barbosa (Republicanos) declarou:
"Tendo em vista a decisão oriunda da Justiça Eleitoral do Ceará, que cautelarmente afastou o prefeito e o vice-prefeito eleitos, impedindo o exercício do mandato eletivo, hei por bem dar prosseguimento ao rito de sucessão legal para ocupação do cargo de prefeito da cidade de Santa Quitéria."
Posicionamento das autoridades e partidos
O Ministério Público do Ceará (MPCE) divulgou nota informando que o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação do diploma e a inelegibilidade de Braguinha e Gardel Padeiro, sob a acusação de abuso de poder político e econômico, devido à suposta aliança com o CV para influenciar o resultado das eleições. O MPCE enfatizou que sua atuação ocorre na esfera cível, enquanto o pedido de prisão foi feito pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Civil (PC), e submetido à Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).
Até o momento, as autoridades consultadas, incluindo o TRE-CE, a PF e a Secretaria de Segurança Pública do Ceará, não se manifestaram. O PSB do Ceará também foi contatado, mas não retornou às solicitações de posicionamento.
Nota do Ministério Público do Ceará
"O Ministério Público Eleitoral informa que pediu a cassação do diploma e a inelegibilidade do prefeito eleito de Santa Quitéria e do seu vice por abuso de poder político e econômico ao se envolver com integrantes de uma facção criminosa com o objetivo de influenciar o voto dos eleitores e violar a normalidade e legitimidade do último pleito. O MPE ressalta que a sua atuação contra o prefeito e o vice-prefeito é na área cível e que o pedido de prisão foi formulado conjuntamente pelas Polícias Federal e Civil e apresentado à Presidência do TRE-CE."
A situação segue em desenvolvimento, enquanto investigações buscam esclarecer a extensão do envolvimento do prefeito e do vice com o Comando Vermelho.