Reflexões e visibilidade: "Meu Corpo Está Aqui" no palco

"Meu Corpo Está Aqui" chega a Belo Horizonte para duas apresentações exclusivas, nos dias 5 e 6 de abril, marcando presença no Teatro Sesiminas. Este espetáculo inovador traz para o centro do palco as vivências pessoais e as reflexões de Bruno Ramos, Haonê Thinar, Juliana Caldas e Pedro Fernandes, atores que compartilham suas jornadas como pessoas com deficiência (PCDs). Através de uma narrativa que mescla realidade e ficção, criada por Julia Spadaccini e Clara Kutner, a peça promove um diálogo aberto sobre temas frequentemente invisibilizados, como afeto, desejo e sexualidade em corpos PCDs.

Tecnologia e inclusão se entrelaçam na arte

O espetáculo se destaca não apenas pelo seu conteúdo, mas também pela sua acessibilidade. Com a presença do ator e intérprete de libras Jadson Abrãao, todas as sessões contam com intérprete de Libras, audiodescrição e acessibilidade voltada também para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Além disso, a diversidade do elenco traz à luz a importância da representatividade, com atores que vivenciam diferentes tipos de deficiência, desde surdez a paralisia cerebral, passando por amputação e nanismo, enriquecendo a trama com suas experiências autênticas.

Arte como vetor de mudança social

Através de "Meu Corpo Está Aqui", os idealizadores buscam estimular a reflexão sobre a essência compartilhada entre todos os seres humanos, além de desafiar preconceitos e expandir o entendimento sobre o que é considerado "normal". Claudia Marques, responsável pela direção de produção, destaca a relevância do corpo como meio de expressão e identidade, salientando a potência da arte em promover diálogos necessários e urgentes sobre inclusão e diversidade. Julia Spadaccini, por sua vez, reflete sobre a importância de protagonismo PCD em diversas formas de arte, enfatizando a peça como um passo significativo para ampliar a visibilidade sobre sexualidade e desejos em corpos com deficiência.

Inovação e reconhecimento no cenário artístico

O projeto não é apenas uma peça teatral, mas parte de uma iniciativa maior de inclusão nas artes, que inclui colaborações e criações anteriores voltadas para a acessibilidade, como a coreografia para surdos SOM e a série de vídeo-dança "Já!". A parceria entre Julia Spadaccini e Clara Kutner, com foco em movimento e contato físico, reforça a intenção de provocar questionamentos e desconstruir estereótipos sobre eficiência e capacidade. O reconhecimento do trabalho veio com prêmios recebidos durante o Festival Internacional de Teatro de Angra - FITA, evidenciando o impacto e a relevância do espetáculo no cenário cultural e social.