Barragem se rompe parcialmente no RS; 13 pessoas já morreram em razão da chuva

De MG para o RS: 28 bombeiros militares irão prestar apoio às cidades atingidas

Por Plox

02/05/2024 18h12 - Atualizado há 7 meses

Parte da barragem da usina de geração de energia 14 de Julho, na bacia do Rio Taquari-Antas, localizada no município de Cotiporã (RS), na Serra Gaúcha, se rompeu no início da tarde desta quinta-feira (2). A cidade fica a cerca de 170 quilômetros de Porto Alegre. O Rio Grande do Sul sofre desde a última sexta-feira (24) com as consequências das fortes chuvas que já causaram ao menos 13 mortes. Segundo o mais recente balanço da Defesa Civil estadual, divulgado na manhã de hoje (2), ao menos 21 pessoas estão desaparecidas e mais de 44,6 mil pessoas já foram de alguma forma afetadas em todo o estado. Veja os detalhes ao vivo.

 

Moradores devem sair de áreas de risco
Em nota, a Defesa Civil estadual informou que já vinha alertando a população para a elevação do nível do rio devido às fortes chuvas que atingem o estado desde a última sexta-feira (24) e que, com apoio de outros órgãos públicos, está retirando as famílias que permaneciam nas áreas de risco.

“A orientação expressa é que os moradores dos municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado deixem as áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer durante a elevação de nível do Rio Taquari”, alertou a Defesa Civil.

 

Foto: Rede Social

Também em nota, a Companhia Energética Rio das Antas informou que detectou o rompimento parcial do trecho direito da barragem às 13h40. Ainda segundo a companhia, o Plano de Ação de Emergência já estava em prática desde o início da tarde de ontem (1º), em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança.

 

Registro da barragem 14 de Julho, no RS — Foto: Divulgação/Companhia Energética Rio das Antas

"O grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo [às cidades de] Santa Bárbara e Santa Tereza. A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas [já] estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho", disse o secretário da Casa Civil, Artur Lemos, que no momento do rompimento já se encontrava em Bento Gonçalves, cidade vizinha a Cotiporã.

Assim que foi informado do rompimento, o secretário determinou que a equipe da Casa Civil contatasse imediatamente autoridades públicas dos municípios abaixo da barragem para que tomassem as medidas necessárias, como a evacuação de pessoas que continuam em áreas de risco. Segundo a Casa Civil gaúcha, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já está apurando as causas e consequências do rompimento.


Até o momento, 134 prefeituras reportaram prejuízos decorrentes de alagamentos, transbordamento de rios, deslizamentos ou outras consequências das chuvas e da cheia de rios. O número de desalojados, ou seja, de pessoas que tiveram que deixar suas casas e buscar abrigo na casa de parentes, amigos ou em hospedagens pagas, já passa de 5,25 mil, enquanto os que tiveram que buscar abrigos públicos ou de entidades assistenciais chega a 3,07 mil.

Nessa quarta-feira (1º), no fim da tarde, o governador Eduardo Leite, usou palavras como “guerra” e “cenário de caos” para expressar o que classificou como “um momento muito, mas muito crítico”. Durante entrevista à imprensa, Leite afirmou que a situação deve piorar nos próximos dias, já que a previsão é de que continue chovendo intensamente em grande parte do estado ao menos até domingo (5).

“Infelizmente, este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou. Será maior do que o que assistimos no ano passado”, declarou o governador, referindo-se à tragédia registrada em 2023, quando as fortes chuvas e as consequentes inundações causaram mais de 50 mortes e grandes danos materiais. “Neste momento, os números são absolutamente imprecisos e, infelizmente, vão aumentar muito ao longo das próximas horas e dos próximos dias”, alertou Leite ainda durante entrevista dada na noite de ontem à imprensa, quando dez mortes tinham sido confirmadas.

 

 

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Lula vai ao para o Rio Grande do Sul e garante recursos ao estado
Lula e uma comitiva de ministros desembarcaram hoje em Santa Maria (RS) para reunião de trabalho com o governador do estado, Eduardo Leite, que classificou a situação como o pior desastre climático da história do Rio Grande do Sul.

“Tudo que estiver no alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através dos nossos militares, vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva”, disse Lula, após a reunião.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (2), que não faltarão recursos do governo federal no socorro à população do Rio Grande do Sul e na reconstrução de municípios gaúchos atingidos por tempestades e enchentes desde o início da semana.

“No primeiro momento, a gente só tem que salvar vidas, a gente só tem que cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos”, acrescentou o presidente, prestando solidariedade ao povo gaúcho e às famílias das vítimas.

 

Foto: Divulgação / CBMG


Governo de Minas envia ajuda técnica e humanitária para o RS
O Governo de Minas Gerais, por meio do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MG) e da Secretaria de Saúde (SES-MG), envia, na tarde desta quinta-feira (2/5), equipes de apoio ao Rio Grande do Sul. O objetivo é prestar auxílio necessário nas ações de busca e salvamento de vítimas das inundações provocadas pelas recentes chuvas que atingiram o estado. Nesta quarta-feira (1/5), dois profissionais da Defesa Civil de Minas Gerais já se deslocaram ao estado para iniciar os primeiros trabalhos.

A integração entre os órgãos especializados do Governo de Minas é fundamental para o envio de  reforço operacional ao Rio Grande do Sul. Os bombeiros militares são especializados em busca e salvamento em enchentes e inundações e devem permanecer por pelo menos uma semana nesta missão.

Reforços

Ao todo, 28 militares do CBMMG serão transportados tanto por viaturas terrestres quanto por aeronaves. O avião Cesna Caravan, da SES-MG, tem previsão de decolagem do aeroporto da Pampulha às 15h30 desta quinta-feira (2/5), levando parte da equipe, e conta com estrutura para o transporte de eventuais vítimas. A previsão de chegada ao Rio Grande do Sul é no final da tarde desta quinta-feira (2/5).

Uma segunda aeronave, um helicóptero do modelo Eurocopter AS350 B3, conhecido como Esquilo, decola nesta sexta-feira (3/5) pela manhã, da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, levando bombeiros e equipamentos especializados para salvamento. A previsão de chegada é na tarde desta sexta-feira.

O restante da equipe, em deslocamento por terra, parte da Academia de Bombeiros Militar, em Belo Horizonte, às 14h30 desta quinta-feira (2/5), e deve chegar ao destino final na noite da sexta-feira (3/5).


 

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