Carlos Lupi deixa Previdência após escândalo bilionário no INSS

Ministro é substituído por Wolney Queiroz após ser cobrado por demora em agir diante de fraudes milionárias contra aposentados

Por Plox

02/05/2025 21h48 - Atualizado há cerca de 16 horas

Carlos Lupi, que comandava o Ministério da Previdência desde o início da atual gestão federal, deixou o cargo nesta sexta-feira (2), após um escândalo de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A crise que se instaurou com a revelação de um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões acabou por derrubar o ministro, que será substituído por seu número 2 na pasta, o ex-deputado Wolney Queiroz.


Imagem Foto: Agência Brasil


As fraudes envolviam associações que cadastravam aposentados sem consentimento, utilizando assinaturas falsificadas para aplicar descontos mensais nos benefícios. A investigação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) estima que o prejuízo aos beneficiários pode chegar a R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024. O esquema, iniciado ainda no governo anterior, se manteve ativo até o atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.



Mesmo após ser alertado sobre os descontos indevidos, Lupi demorou quase um ano para adotar medidas efetivas, o que aumentou a pressão por sua saída. As atas das reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social, divulgadas pelo Jornal Nacional, mostram que o ministro e seu substituto participaram de encontros em 2023 nos quais as denúncias foram apresentadas. Ainda assim, as primeiras ações para coibir os abusos só ocorreram no ano seguinte.



A decisão de Lula pela exoneração de Lupi foi influenciada pelo desgaste da imagem do governo e pela necessidade de dar uma resposta à população afetada. No discurso do Dia do Trabalhador, o presidente prometeu que as associações envolvidas deverão ressarcir os prejudicados. Paralelamente, o presidente do INSS à época, Alessandro Stefanutto, também indicado por Lupi, foi substituído pelo procurador federal Gilberto Waller Júnior.


O agora ex-ministro, embora não tenha sido formalmente citado na investigação, alegou inocência e defendeu que sempre colaborou com as apurações.
"Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso [...] Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula\", afirmou Lupi.

A gestão dele já enfrentava críticas pelo não cumprimento da promessa de acabar com as filas nas perícias do INSS. Apesar da tentativa de preservar aliados, como Stefanutto, o ministro não resistiu ao impacto político das revelações.


A Polícia Federal apontou o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como \"Careca do INSS\", como o principal articulador das fraudes. Ele seria sócio de 22 empresas registradas em um mesmo endereço em Taguatinga (DF). Durante a operação, foram apreendidos itens de alto valor, incluindo joias, relógios caros, uma Ferrari e dinheiro em espécie, indicando o volume e a sofisticação das irregularidades.


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