De Caratinga para a história: Míriam Leitão entra para a Academia Brasileira de Letras
Jornalista ocupará a cadeira 7 da ABL, que pertencia ao cineasta Cacá Diegues
Por Plox
02/05/2025 07h44 - Atualizado há 1 dia
A jornalista e escritora Míriam Leitão foi escolhida nesta quarta-feira, 30 de abril, para integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela assumirá a cadeira de número 7, anteriormente ocupada pelo cineasta Cacá Diegues, que morreu em fevereiro deste ano. O patrono da cadeira é o poeta Castro Alves.

Míriam conquistou a vaga após uma votação eletrônica entre os imortais da Academia. Ao todo, ela recebeu 20 votos, superando o economista e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, que obteve 14 votos. Com essa eleição, Míriam se torna a 12ª mulher a entrar para a ABL e a segunda a ocupar a cadeira 7 — anteriormente, Dinah Silveira de Queiroz também esteve nesse posto.
Natural de Caratinga, interior de Minas Gerais, Míriam Azevedo de Almeida Leitão nasceu em 7 de abril de 1953. É filha de Uriel e Mariana, ambos educadores — ele também pastor presbiteriano — e cresceu em uma família numerosa com 12 irmãos. Sua trajetória profissional começou no Espírito Santo e passou por Brasília e São Paulo até se consolidar no Rio de Janeiro, em 1986.
Com uma carreira de 53 anos no jornalismo, Míriam atuou em diversos veículos como Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Desde 1991, integra o grupo Globo, onde assina colunas no jornal O Globo, comenta em programas como o Bom Dia Brasil, na CBN e na GloboNews, e também comanda o programa de entrevistas que leva seu nome.
Além do jornalismo, Míriam se destacou como escritora com 16 obras publicadas, entre livros de não ficção, romances, crônicas e literatura infantil. Entre seus títulos mais reconhecidos estão \"Saga Brasileira\", vencedor do Prêmio Jabuti, e \"Amazônia na Encruzilhada\", que recebeu o Prêmio Juca Pato em 2024. Na literatura infantil, obras como \"A perigosa vida dos passarinhos pequenos\" e \"O estranho caso do sono perdido\" também foram premiadas.
Sua atuação rendeu diversos prêmios importantes, como o Prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia, o Prêmio Vladimir Herzog pelo documentário “História Inacabada”, além do Prêmio Esso, e reconhecimentos da ANJ e ABRAJI.
A trajetória de Míriam também inclui momentos de luta: em dezembro de 1972, aos 19 anos e grávida, ela foi presa durante o regime militar e processada pela Lei de Segurança Nacional por sua oposição à ditadura.“A entrada de Míriam Leitão na ABL é um reconhecimento de sua longa contribuição ao jornalismo, à literatura e à liberdade de expressão no Brasil", destacaram membros da Academia durante o anúncio.