Minas Gerais decreta emergência em saúde diante do avanço de vírus respiratórios

Estado registra alta de internações e mortes por doenças respiratórias e mobiliza novas medidas para reforçar a rede de atendimento

Por Plox

02/05/2025 18h11 - Atualizado há cerca de 15 horas

O mês de maio começou com um cenário preocupante para a saúde pública de Minas Gerais. Diante do crescimento acelerado de internações por doenças respiratórias, o governo estadual decretou situação de emergência para tentar conter o avanço dos casos e evitar a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão, assinada pelo governador Romeu Zema nesta sexta-feira (2), foi anunciada pelo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.


Imagem Foto: Divulgação SESC MG


Segundo Baccheretti, o Estado se prepara para um mês desafiador, com o pico das infecções respiratórias como bronquiolite, influenza e covid-19. “Estamos preparados [para enfrentá-lo], mas ainda precisamos abrir novos serviços para atravessar este mês, que vai ser difícil”, declarou. O cenário é agravado pelo número expressivo de internações: entre janeiro e 26 de abril, já foram registrados 26.817 casos graves em hospitais da rede pública. Isso significa uma média de 233 solicitações de leitos por dia, o equivalente a 10 por hora.



As infecções resultaram, até o momento, em 397 mortes, ou cerca de três óbitos diários. A situação se mostra ainda mais crítica em alguns municípios, como Belo Horizonte, Contagem, Betim e Santa Luzia, que também declararam emergência municipal. No decreto estadual, o governo destaca a preocupação com o possível esgotamento da capacidade de resposta do SUS. Para o secretário, o novo status jurídico permitirá ações mais ágeis e efetivas, como a contratação emergencial de profissionais e abertura de leitos pela Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig).



Além disso, o Estado irá disponibilizar recursos para que cidades mais afetadas, como Montes Claros, Governador Valadares, Januária, Diamantina e Coronel Fabriciano, ampliem sua capacidade de atendimento. “Temos recursos do Estado para a abertura de leitos clínicos. O município que estiver enfrentando um aumento atípico de casos, necessitando de novos leitos, terá acesso a esse recurso. Estamos em comunicação com os municípios para garantir que isso aconteça”, reforçou Baccheretti.



Como parte do enfrentamento, a vacinação ganha protagonismo. Minas Gerais recebeu 5,7 milhões de doses contra a influenza, destinadas à população acima de seis meses de idade. A meta é alcançar 90% de cobertura vacinal. O esquema de imunização também recomenda a atualização da vacina contra a covid-19, já que cerca de um terço dos mineiros ainda não completou o esquema.


“Temos vacinas eficazes para a maioria das doenças respiratórias, como influenza e covid-19. A única exceção é o vírus sincicial (bronquiolite), que ainda não tem vacina disponível, mas é justamente um dos mais perigosos para bebês pequenos”, alertou Baccheretti.

Para garantir a imunização em massa, o Estado conta com 222 vacimóveis — vans adaptadas como salas de vacinação móveis — e promove campanhas em toda a rede pública. Simultaneamente, ações de qualificação dos profissionais do SUS têm sido promovidas por meio de treinamentos, webinários e aulas online com foco no diagnóstico e manejo clínico dessas doenças.


A estrutura assistencial também recebeu reforços. Em março, por exemplo, o Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, abriu 12 leitos semi-intensivos pediátricos e está preparado para ativar outros 10 leitos de CTI, caso a demanda aumente. A vigilância epidemiológica também atua fortemente por meio da Sala de Monitoramento de Vírus Respiratórios, que acompanha em tempo real a circulação dos vírus e embasa decisões estratégicas. O Comitê Estadual de Vírus Respiratórios se reúne quinzenalmente e pode intensificar os encontros conforme a evolução do cenário. A próxima reunião está prevista para o dia 24 de junho.



Com o sistema sob pressão, o governo mineiro aposta na mobilização conjunta entre Estado e municípios para vencer este período de alta sazonal. A recomendação da SES-MG é clara: manter a vacinação em dia e, ao menor sinal de sintomas, evitar o contato com outras pessoas, principalmente crianças e idosos, grupos mais vulneráveis às complicações das doenças respiratórias.


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