Polêmica: camisa vermelha da Seleção acende debate político
Ideia da Nike de adotar novo uniforme com tom vermelho provoca reação intensa entre parlamentares e levanta discussão sobre radicalização política
Por Plox
02/05/2025 09h11 - Atualizado há 1 dia
A menos de dois anos da próxima eleição presidencial, o Brasil se vê envolvido em mais uma controvérsia que vai além das quatro linhas do futebol. A revelação de que a Seleção Brasileira poderá entrar em campo com uma camisa vermelha na próxima Copa do Mundo, que será sediada nos Estados Unidos, México e Canadá, incendiou o debate político nacional e acentuou a já crescente polarização entre os campos ideológicos do país.

A ideia partiu da fornecedora de material esportivo Nike, com o aval da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e ganhou repercussão internacional após ser divulgada pelo site especializado Footy Headlines. O portal antecipou imagens geradas por inteligência artificial que mostravam jogadores como Neymar vestindo o uniforme alternativo na cor vermelha. Outra possível mudança seria a substituição do tradicional símbolo da Nike pela logomarca da Jordan, marca vinculada ao universo do basquete.
A reação foi imediata. Parlamentares identificados com a direita política se manifestaram publicamente, associando o vermelho ao partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Houve ameaça de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a CBF por parte de um senador, enquanto um deputado federal apresentou um projeto de lei que pretende proibir o uso da cor vermelha nas camisas da Seleção.
A repercussão obrigou a CBF a se manifestar. Em nota oficial, a entidade não negou a possibilidade do novo uniforme, mas esclareceu que
“a nova coleção de uniformes para o Mundial ainda será definida em conjunto com a Nike”
.
A discussão sobre as cores do uniforme não é nova no cenário internacional. Em 2014, durante a Copa do Mundo realizada no Brasil, a Alemanha entrou em campo com uma camisa rubro-negra inspirada no Flamengo, time mais popular do país, como estratégia de marketing e aproximação com a torcida local.
No entanto, no Brasil, a introdução da cor vermelha adquiriu contornos de disputa ideológica. Em meio ao cenário de antecipação eleitoral — restando ainda 520 dias para o primeiro turno de 2026 —, o episódio se soma ao histórico recente de polarização intensa, especialmente desde as eleições de 2018 e 2022. O país segue trilhando o conhecido roteiro: definição de candidaturas, campanhas acirradas, debates acalorados e tensões políticas.
A situação remete à ideia de “política líquida”, conceito inspirado na teoria da modernidade líquida do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. O termo descreve um cenário de instabilidade e mudanças rápidas, no qual temas pontuais ganham destaque, mas logo são esquecidos. A cor da camisa da Seleção parece ser mais um desses temas efêmeros.
Mesmo assim, a questão segue dividindo opiniões, refletindo um Brasil onde o futebol e a política frequentemente se misturam — e onde uma simples mudança de cor pode se transformar em um símbolo de disputa nacional.