“Pleiteei autonomia, não insubordinação”, diz Luana Araújo em depoimento à CPI da Pandemia
Ela trabalhou na equipe do Ministério da Saúde, mas não chegou a ser nomeada
Por Plox
02/06/2021 14h43 - Atualizado há cerca de 4 anos
Nesta quarta-feira (02), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado ouviu a médica infectologista Luana Araújo, que deixou a equipe de Queiroga antes de ter sua nomeação confirmada na equipe do Ministério da Saúde.
A médica disse à CPI que quando foi convidada pelo atual ministro da Saúde para chefiar uma secretaria na pasta lhe foi apresentado “um projeto sólido, baseado em evidências, de superação desses obstáculos no contexto brasileiro, e também a necessidade de alguém técnico e competente para conduzir esse trabalho”.

“Aceitaria o convite para esta posição enquanto me fosse garantida a autonomia necessária e sempre – sempre – fossem respeitadas a cientificidade e a tecnicidade. Vejam, eu pleiteei autonomia, não insubordinação ou anarquia”, ressaltou.
Questionada se sua posição pública contrária ao uso da cloroquina no tratamento de pacientes de covid-19 foi o motivo de sua saída, a médica também não soube responder. "Entendi que a coisa estava se arrastando e que não iria acontecer", afirmou.
Sobre se teria discutido protocolos de tratamento precoce da covid-19, com o ministro, Luana ressaltou que o Brasil não deveria estar ainda debatendo um assunto que, segundo ela, já é "pacificado em todo o mundo". "O ministro Marcelo Queiroga é um homem da ciência. Todos nós somos absolutamente a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública", observou.
"Ciência não tem lado, é bem ou mal feita. É ferramenta de produção de conhecimento pra servir a população. Essa distância ou oposição entre populações e ciência não existe. Ciência deve ser protegida. Vivência de crise sanitária complexa e gigantesca exige resposta multifatorial", disse.