Jovens brasileiros buscam independência: O sonho de morar sozinho

Há uma grande possibilidade desses jovens se depararem com desafios para os quais não estavam totalmente preparados, o que pode gerar frustrações.

Por Plox

02/07/2023 14h22 - Atualizado há mais de 1 ano

Uma recente investigação do DataZAP+, o setor de inteligência do ZAP+, demonstrou que a Geração Z, constituída por jovens nascidos entre os anos 90 e 2010, tem como principal objetivo residir sozinhos. De acordo com os resultados obtidos, esse anseio é expresso por 38% dos jovens que estão à procura de uma casa para comprar e 39% dos que desejam alugar.

Foto: Reprodução

A motivação por trás dessa busca é evidente: independência. O estudo revelou que quatro em cada dez entrevistados citam a proximidade do trabalho e a independência como principais razões para a busca de um imóvel. É interessante observar que, entre os que têm intenção de morar sozinhos, o índice é maior na classe D/E (56%), indicando um forte desejo de autonomia.

Esse comportamento, conforme explanado por Larissa Gonçalves, economista do DataZAP+, aponta para um anseio dos indivíduos da geração Z em se tornarem independentes de suas famílias e alcançarem autonomia. Ela explica: “Muitos estão se preparando para residir sozinhos pela primeira vez, seja sozinhos ou com um parceiro”.

No entanto, Claudio Paixão, professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG, sugere uma reflexão mais cautelosa acerca desse fenômeno. Ele propõe que o conceito de morar sozinho possa ser uma idealização por parte da Geração Z, que tende a pensar que tudo pode ser resolvido com rapidez e facilidade, mas que a realidade pode ser outra.

Paixão destaca que, em muitos casos, a independência desses jovens depende do apoio financeiro dos pais. Para ele, há uma grande possibilidade desses jovens se depararem com desafios para os quais não estavam totalmente preparados, o que pode gerar frustrações.

A Questão do Consumo: Características da Geração Z

Refletindo sobre a temática do consumo, Claudio Paixão lembra que a Geração Z nasceu em uma era em que o agente econômico é flexível. Isto é, são pessoas que têm potencial para alcançar realização profissional através do empreendedorismo e do desenvolvimento de projetos criativos. Contudo, alerta que essa flexibilidade não garante o sucesso, mas apenas a sobrevivência.

O professor contrasta essa realidade com a vivência da geração Y, que não experienciou essa flexibilidade econômica de forma plena. Ele relembra a discussão dos anos 80/90 sobre a criação do agente econômico flexível, uma pessoa que detém controle sobre sua carreira e que tem competência para ousar. No entanto, essa ideia não se concretizou para todos, mostrando que essa mobilidade é restrita a uma minoria.

Por fim, Claudio Paixão comenta sobre o padrão de consumo da Geração Z, que é altamente influenciado pela opinião dos outros e pela manutenção da reputação social. Ele cita a preocupação com a sustentabilidade como um exemplo dessa mentalidade. De acordo com o professor, "Para essa geração é muito importante uma respeitabilidade social. Ela precisa ser vista, ter a reputação social mantida e exercitar sua influência". A partir disso, é moldado o padrão de consumo da geração Z.

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