Alta do dólar deve impactar preço da gasolina: especialistas discutem possível aumento
Analistas avaliam a possibilidade de reajuste na gasolina devido à instabilidade do mercado internacional
Por Plox
02/07/2024 19h22 - Atualizado há 12 meses
A recente alta do dólar, que atingiu R$ 5,65 nesta segunda-feira (1º/07), o maior valor em dois anos e meio, juntamente com a escalada dos preços do petróleo no mercado internacional, pode encarecer a gasolina nos postos. Segundo especialistas da Raion Consultoria e Valêncio Consultoria Combustíveis, se esses fatores fossem considerados integralmente, a gasolina poderia ficar entre R$ 0,9 e R$ 0,10 mais cara. Atualmente, o preço médio do combustível nos postos é de R$ 5,86 nacionalmente e, em Belo Horizonte, de R$ 5,98, conforme a última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Política de preços da Petrobras em debate
A possibilidade de um reajuste pela Petrobras é incerta, uma vez que a estatal desconectou sua política de preços do mercado internacional há pouco mais de um ano, abandonando o Preço de Paridade de Importação (PPI). O último aumento da gasolina foi anunciado em agosto de 2023. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que, caso o PPI estivesse mantido, a gasolina A poderia estar R$ 0,67 mais cara. “Quando a Petrobras pratica um preço artificialmente muito baixo, está prejudicando seus acionistas, inclusive os minoritários. É necessário e razoável aumentar o preço da gasolina”, afirma Sérgio Araujo, presidente executivo da Abicom.
Opiniões divergentes sobre a necessidade de reajuste
O economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), considera que o fim do PPI foi positivo e não vê margem para reajuste. “O PPI não fazia sentido, transformando a Petrobras em uma simuladora de importadora. A serventia da empresa está longe de ser gerar o máximo de dividendos para acionistas minoritários, mas sim um papel social, ou ela não seria uma estatal”, explica Dantas.
Papel da nova presidente da Petrobras
Dantas também aponta que a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, empossada há poucas semanas, provavelmente evitará aumentar os preços no início de sua administração para não se indispor com o governo. Em sua primeira entrevista coletiva, Chambriard afirmou que os preços da Petrobras seguirão “abrasileirados”, referindo-se ao fim do PPI. “A Petrobras pode segurar o preço para ver o que ocorrerá, considerando a volatilidade do dólar”, acrescenta Dantas.
Impacto da volatilidade do mercado
Sérgio Araujo, da Abicom, reforça que a pressão por um aumento é crescente, especialmente com a expectativa de novos aumentos no preço do petróleo devido a um furacão devastador no Caribe. Ele argumenta que um ajuste no preço da gasolina é necessário. O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) destaca que a previsibilidade de custo dos postos é prejudicada desde o fim do PPI, tornando o custo da gasolina mais imprevisível.
“Atualmente, a Petrobras não segue os valores praticados internacionalmente, o que acarreta incertezas sobre quando e como os reajustes serão realizados, além de problemas na gestão de estoques dos postos. Critérios mais claros para o PPI tornariam o custo do produto mais previsível para empresários e consumidores”, afirma o Minaspetro. A Petrobras foi questionada sobre a perspectiva de reajuste de preços, mas ainda não respondeu.