Pais enfrentam desafios para administrar férias escolares de julho
Famílias planejam estratégias para lidar com o recesso escolar sem rede de apoio
Por Plox
02/07/2024 07h51 - Atualizado há 10 meses
Com a proximidade das férias de julho, enquanto crianças e adolescentes aguardam ansiosamente pelo descanso, muitos pais, especialmente os que não têm uma rede de apoio, enfrentam um período de estresse e aumento de custos. A administradora hospitalar Tatiana Auxiliadora, mãe de Sophia, 8 anos, expressa essa preocupação: “Não é um período de descanso, não, é um período de desespero”.

Dificuldades e estratégias familiares
As famílias já estão traçando planos para lidar com o recesso. Tatiana optou por uma colônia de férias para Sophia. Já Ana Paula Aleixo, mãe de Liam, 5 anos, decidiu trazer a sogra de outra cidade para ajudar. “É sempre um custo maior. Em julho ele está de férias, mas eu tenho que pagar a escola normal. Além disso, tem os custos de trazer a minha sogra e dos passeios, porque você não vai ficar o tempo todo dentro de um apartamento com uma criança de 5 anos”, explica Ana Paula.
A advogada Daniela Macena, mãe de Maya, 4 anos, também enfrenta desafios. Trabalhando em home office, ela precisa dividir o tempo entre suas responsabilidades profissionais e os cuidados com a filha. “Minha mãe me ajuda. Mas a sobrecarga é toda minha e, nas férias, aumenta ainda mais. Eu trabalho em home office, e ela me chama o tempo inteiro. E tenho que achar programação nas férias. É bem puxado. Em julho é ainda pior, porque, no fim do ano, pelo menos eu consigo tirar uns dias com ela”, conta Daniela.
Proposta de solução intersetorial
Diante dessas dificuldades, a educadora Sara Vitral, formada em administração pública pela Fundação João Pinheiro, propôs um projeto para utilizar escolas e espaços públicos como suporte durante o recesso. A ideia é apresentar um plano de férias à Prefeitura de Belo Horizonte, criando uma proposta intersetorial que adapte esses espaços para receber crianças e adolescentes durante o período de férias. “Essa é uma demanda gigantesca e complexa. Quando as escolas fecham, os pais continuam trabalhando. Conversando com muita gente nessa situação, percebi que muitos não têm rede de apoio e não têm com quem deixar as crianças. Normalmente, a responsabilidade de resolver esse problema acaba recaindo sobre as mulheres. São elas que, na maioria das vezes, arrumam um jeito de organizar uma solução”, comenta Sara.
Implementação e objetivos
Sara Vitral, coordenadora de ações estratégicas no Conselho Estadual de Educação (CEE), ressalta que a proposta ainda está no campo das ideias, mas o objetivo é não sobrecarregar os professores, contratando monitores capacitados para oferecer atividades às crianças e adolescentes. “É uma forma, inclusive, de evitar riscos de acidentes, uma vez que, como muitos pais não têm com quem deixar os filhos, podem acabar deixando os mais velhos cuidando dos mais novos”, destaca Sara.
A prioridade para acessar o plano de férias com suporte público deve ser dada àqueles em situação de vulnerabilidade, cruzando dados de cadastros sociais para definição dos critérios de acesso.
Com essa iniciativa, espera-se proporcionar um alívio para as famílias, garantindo um ambiente seguro e enriquecedor para as crianças durante as férias escolares.