Piracicaba registra maior epidemia de dengue da história, com idosos sendo maioria entre os óbitos

Cidade enfrenta pico da doença com 25 mil casos e nove mortes; especialista sugere ampliação da vacinação para idosos.

Por Plox

02/07/2024 08h17 - Atualizado há 2 meses

Piracicaba (SP) enfrenta a pior epidemia de dengue de sua história, acumulando 25.559 casos positivos da doença. De acordo com o boletim mais recente da prefeitura, divulgado em 28 de junho, foram registradas nove mortes em 2024, sendo oito dessas de pacientes com mais de 60 anos.

Foto: Pixabay/Reprodução

Mortos por dengue são em sua maioria idosos

O médico infectologista Hamilton Bonilha, consultado pelo g1, destacou a gravidade da situação, especialmente entre os idosos. Ele ressaltou a necessidade urgente de reconsiderar a liberação da vacinação para pessoas acima de 60 anos, um grupo que atualmente não está incluído na campanha de imunização do município, que abrange apenas crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos. Bonilha apontou que as doses do imunizante chegaram com atraso e em quantidade insuficiente, prejudicando a cobertura vacinal adequada.

Crítica à restrição de faixa etária na vacinação

Em nota, o Ministério da Saúde explicou que a restrição de faixa etária foi necessária devido ao número limitado de doses disponibilizadas, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, a vacina é aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, sem previsão de ampliação para os idosos. "A faixa etária recomendada pela empresa fabricante e aprovada pela ANVISA é de 4 a 59 anos. Foi necessário definir critérios para abranger o maior número de territórios e população", declarou o Ministério.

Dificuldades e desafios na vacinação

Hamilton Bonilha também criticou a atitude da indústria farmacêutica, que destinou a maioria das vacinas para o Ministério da Saúde, resultando em um desabastecimento nas clínicas privadas que enfrentaram alta demanda. Ele destacou a baixa adesão à vacinação entre o grupo prioritário e reforçou a importância da vacina para prevenir formas graves e internações hospitalares.

Análise dos óbitos e distribuição geográfica dos casos

A cidade de Piracicaba registrou as seguintes mortes por dengue:

  • 19/03: Mulher, 70-79 anos
  • 20/03: Homem, 60-69 anos
  • 04/04: Homem, 80-89 anos
  • 05/04: Homem, 80-89 anos
  • 19/04: Mulher, 80-89 anos
  • 29/04: Mulher, 30-39 anos
  • 06/06: Homem, 80-89 anos
  • 25/06: Mulher, 60-69 anos
  • 01/07: Mulher, 60-69 anos

A predominância dos sorotipos 1 e 2 da dengue foi identificada na cidade, com um registro do tipo 2.

Combate e prevenção da dengue

A Secretaria de Saúde de Piracicaba continua acompanhando a incidência de novos casos diariamente, realizando ações de controle do vetor. A chegada de frentes frias e a estiagem devem diminuir o número de confirmações da doença. A enfermeira e coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde, Karina Corrêa Contiero, enfatiza a importância da conscientização da população para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, principal transmissor da doença.

Ações de combate e vacinação

A vacinação contra dengue está disponível para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, com a cidade recebendo 6.224 doses no dia 12 de junho. O esquema vacinal inclui duas doses com intervalo de três meses. A Secretaria de Saúde disponibiliza a vacina em todas as unidades de saúde da cidade durante a semana.

Orientações para a população

Para evitar a proliferação do mosquito da dengue, a Secretaria de Saúde orienta a população a utilizar repelentes, eliminar focos de água parada, manter pratos de vasos de flores e plantas com areia até a borda, guardar garrafas com a boca virada para baixo, limpar calhas, e não jogar lixo em terrenos baldios. Em caso de suspeita da doença, é recomendado procurar imediatamente um serviço de saúde e evitar automedicação.

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