Durante sua participação no Fórum de Lisboa, em Portugal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, chamou atenção para a gravidade do cenário político brasileiro ao comentar a recente disputa sobre o aumento do IOF. Para ele, essa questão representa apenas a superfície de uma crise muito mais profunda.
"Nós precisamos tratar da doença, a falta de diálogo, a falta de coordenação\
O impasse se intensificou após a Advocacia-Geral da União (AGU) recorrer ao STF para validar a constitucionalidade do aumento do IOF, medida proposta pelo governo federal em maio com a intenção de reforçar o caixa da União em até R$ 20 bilhões até o final do ano. No entanto, a proposta foi derrubada tanto pela Câmara dos Deputados quanto pelo Senado, mesmo após tentativas de negociação conduzidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O chefe da AGU, Jorge Messias, afirmou que o recurso apresentado não visava o confronto, mas sim uma decisão jurídica sólida, dizendo que o presidente Lula busca a paz entre os Poderes. “Essa é uma decisão madura e muito bem formada”, garantiu Messias, negando que haja intenção de embate político.
Entretanto, a reação no Congresso foi imediata. O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), classificou a atitude do governo como “afronta inaceitável” e “declaração de guerra”, prometendo uma resposta firme. “A democracia exige respeito entre os Poderes – e é isso que o presidente Lula e sua equipe estão, mais uma vez, violando deliberadamente”, afirmou Zucco.
A declaração de Gilmar Mendes, portanto, surge como um apelo para que as instituições busquem a reconstrução do diálogo, em vez de aprofundarem os conflitos políticos em curso.