Homem morre de frio após recusar abrigo para não abandonar seu cachorro
Tragédia em Mendoza revela comovente história de lealdade entre morador de rua e seu cão, que foi adotado após a morte do tutor
Por Plox
02/07/2025 15h02 - Atualizado há 2 dias
A história de Juan Carlos Leiva, de 51 anos, comoveu a comunidade de Mendoza, na Argentina. Conhecido por sua presença constante nas ruas da região central da cidade, Juan morreu de frio após se recusar a deixar seu cão, Sultán, para buscar abrigo. O vínculo entre os dois era tão forte que ele não aceitava nenhum tipo de ajuda que implicasse separação.

Durante anos, Juan dormia na entrada de um prédio sob um pequeno telhado. Maria del Carmen Navarro, de 60 anos, funcionária da limpeza do edifício, acompanhava sua rotina e o alertava sempre que os guardas apareciam para retirá-lo. Ela também se tornou uma das poucas pessoas próximas dele, oferecendo apoio e cuidados básicos.
Nos dias anteriores à tragédia, Maria percebeu que Juan apresentava sinais de adoecimento: estava com os olhos irritados, respirava com dificuldade e vestia apenas roupas leves, apesar do frio intenso. Mesmo diante de sua insistência para que ele procurasse atendimento médico, Juan se recusava a deixar Sultán para trás.
Em 28 de maio, após dias de preocupação, Maria acionou os serviços de emergência. A demora no atendimento e a frieza das autoridades foram marcantes. Quando a ambulância finalmente chegou, a médica que o atendeu recusou-se a levá-lo, alegando que se tratava apenas de catarro. Vizinhos imploraram por uma receita médica e questionaram a falta de humanidade no tratamento dado a ele.
A persistência de Maria, no entanto, fez Juan aceitar ir ao hospital, desde que ela prometesse cuidar de Sultán. Ela o acompanhou até a porta do Hospital Central, onde se despediram. As últimas palavras dele foram um pedido comovente: \"cuide do meu cachorro\".
Maria levou Sultán para casa e tentou fazer com que ele se sentisse acolhido, usando o colchão de Juan e improvisando um abrigo. No dia seguinte, ela soube que ele estava internado em estado grave na UTI. Sem ser parente, enfrentou dificuldades para conseguir informações sobre seu estado de saúde e ainda buscou o filho de Juan, também em situação de rua, mas sem sucesso.
No dia 4 de junho, Maria recebeu a ligação informando que Juan havia morrido às 9h da manhã, sozinho em um hospital distante. Ela destacou que, apesar das alegações do governo de que ele não queria ir a abrigos, sua verdadeira motivação era o apego incondicional a Sultán e os maus-tratos que havia sofrido em locais anteriores.
Sultán agora vive com a família de uma banca de jornal, que já conhecia o animal desde filhote. Maria garante que cumpriu sua promessa: “Eu disse a Juan que estava cumprindo a promessa de que Sultán teria um bom lar”. A história de Juan deixa um forte alerta sobre a necessidade de soluções que respeitem a dignidade e os laços afetivos de pessoas em situação de rua.