Pais se mobilizam contra possível fim do ensino integral na UFMG
Quase 200 famílias protestam contra mudanças no regime do Centro Pedagógico, temendo impactos na educação e rotina dos alunos
Por Plox
02/07/2025 08h00 - Atualizado há cerca de 24 horas
No coração da Pampulha, em Belo Horizonte, o Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tornou-se palco de uma mobilização intensa por parte de quase 200 famílias. A preocupação gira em torno da possível extinção do ensino integral, uma modalidade que, desde 2011, oferece aos alunos uma jornada escolar das 7h30 às 14h30.

Vanessa Gonzaga, pedagoga de 49 anos e mãe de Ernesto, de 7 anos, relata que soube da possível mudança por meio de conversas informais com funcionários e motoristas de van. A notícia alarmou os pais, que rapidamente organizaram um abaixo-assinado para impedir alterações no regime escolar.
\"Sou mãe solo e utilizo o horário em que meu filho está na escola para trabalhar. Se esse tempo na escola reduzir, também terei que atuar menos. Além disso, há também as questões didáticas e pedagógicas. Eles têm muitas atividades na instituição de ensino e perderão algumas delas com as mudanças\"
, destaca Vanessa.
Outra mãe, Andréia Soares, de 42 anos, enfrenta desafios ainda maiores. Seu filho, Weverton, de 6 anos, foi diagnosticado com esquizencefalia e necessita de cuidados especiais.
\"Eu consegui uma vaga para ele no Centro Pedagógico e fiquei muito feliz. É um lugar muito bom, e ele se sente bem lá, é muito bem tratado. Seria muito ruim se o ensino integral acabasse. Eu uso o horário que ele está lá para trabalhar. Não tenho ninguém para 'olhar' ele\"
, conta Andréia.
O Centro Pedagógico da UFMG atende alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, divididos em três ciclos. O ensino integral visa proporcionar maior permanência dos estudantes na escola, ampliar o acesso às práticas culturais, esportivas e de lazer, além de contribuir na formação dos alunos da UFMG, possibilitando o exercício da docência aos estudantes.
Em nota oficial, a UFMG informou que iniciou um processo de avaliação sobre questões relativas à escola, incluindo o regime de funcionamento em tempo integral. A universidade ressaltou que o sistema foi implantado como projeto piloto em 2011, ainda sem a devida aprovação do Conselho Universitário. A discussão seguirá os ritos de amplo debate junto ao Centro Pedagógico e aos órgãos e Conselhos relacionados ao tema.
A comunidade escolar aguarda ansiosamente por definições, enquanto as famílias continuam mobilizadas na defesa do ensino integral, considerado essencial para a educação e o bem-estar dos alunos.