Aumenta número de casos de herpes-zóster e vacina pode prevenir demência

Houve um crescimento de 10,6% nas internações relacionadas à doença em 2023, totalizando 2.600 hospitalizações

Por Plox

02/08/2024 11h55 - Atualizado há 11 meses

De acordo com o DATASUS do Ministério da Saúde, foram registrados 27 mil casos de herpes-zóster no Brasil apenas no primeiro bimestre deste ano, um aumento de 200% comparado aos 9 mil casos do mesmo período do ano passado. Além disso, houve um crescimento de 10,6% nas internações relacionadas à doença em 2023, totalizando 2.600 hospitalizações.

Herpes-zóster: sintomas e complicações

Os principais sintomas da herpes-zóster incluem dores nos nervos, formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão, ardor, coceira, febre, dor de cabeça e mal-estar. O epidemiologista e pediatra José Geraldo Leite Ribeiro alerta: “O paciente que apresentar algum sintoma deve procurar rapidamente o médico, porque o herpes-zóster responde a alguns antivirais, mas responde quando você começa nos primeiros dois dias de doença. Se começar mais tardio, o antiviral não consegue diminuir o tempo do herpes-zóster, nem evitar as complicações”.

A doença pode levar a diversas complicações como:

  • Afetar o equilíbrio, fala, deglutição, movimento dos olhos, mãos, pernas, dedos e braços.
  • Provocar infecção bacteriana, impetigo, abscesso, celulite, erisipela, sepse, artrite, pneumonia, endocardite, encefalite ou meningite e glomerulonefrite.
Tomaz Silva Agência Brasil
  • Causar a Síndrome de Reye, uma doença rara que provoca inflamação no cérebro e pode ser fatal, associada ao uso de AAS, principalmente em crianças.
  • Resultar em varicela disseminada ou hemorrágica em pessoas com comprometimento imunológico.
  • Provocar dor persistente por 4 a 6 semanas após a erupção cutânea.

Prevenção pela vacinação

A vacinação é a principal forma de prevenção contra a herpes-zóster. No entanto, a vacina não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e só pode ser encontrada em laboratórios e clínicas particulares. A Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda a vacinação para todas as pessoas com mais de 50 anos e para aqueles entre 18 e 50 anos que têm predisposição a formas mais graves da doença, como imunodeficientes e diabéticos. “Muita gente se pergunta também se quem fez aquela vacinação antiga há mais tempo tem que refazer de novo. A recomendação das sociedades médicas é que se revacine com a vacina nova. Ela tem uma eficácia muito superior, principalmente nos mais idosos, e já mostrou uma duração de proteção muito superior à vacina anterior. Por isso, essas entidades médicas recomendam que o ideal é que a pessoa se revacine com esta vacina nova”, explica José Geraldo Leite Ribeiro.

Vacina pode reduzir risco de demência?

Um estudo da Universidade de Oxford indica que a vacina contra herpes-zóster pode diminuir em até 17% o risco de demência nos seis anos seguintes à vacinação. Segundo José Geraldo Leite Ribeiro, “faz muito sentido, porque o herpes-zóster pode ter como complicações ocorrências no sistema nervoso central. Então ele aumenta o risco dos derrames, aumenta o risco, inclusive, de acidentes cardíacos. Então é uma inflamação generalizada. Esse estudo mostrou que entre os vacinados houve um risco menor de demência, especialmente nas mulheres. Só que esse estudo ainda está publicado de uma forma preliminar. Nós precisamos ver a publicação definitiva para nós podermos afirmar isso com certeza”.

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