Febre do Oropouche: entenda o que é a doença que preocupa o Brasil

Os casos evoluíram rapidamente para sintomas graves, como dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão, culminando nos óbitos.

Por Plox

02/08/2024 11h48 - Atualizado há 11 meses

O surto de febre do Oropouche tem preocupado as autoridades sanitárias brasileiras em 2024. A doença, causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, já conta com mais de 7 mil casos confirmados até o início de julho.

 Dentre os estados afetados, São Paulo registrou seus primeiros casos no interior. A situação se agravou ainda mais com a confirmação das primeiras mortes associadas à febre do Oropouche na Bahia. No dia 25 de julho, a Secretaria de Saúde da Bahia relatou os óbitos de duas mulheres jovens, uma de 24 anos em Valença e outra de 21 anos em Camamu, ambas sem comorbidades. Os casos evoluíram rapidamente para sintomas graves, como dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão, culminando nos óbitos.


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Transmissão e vetores

A transmissão da febre do Oropouche ocorre principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo urbano, o mosquito Culex quinquefasciatus, comum em áreas urbanas, também é vetor do vírus. No ciclo silvestre, os bichos-preguiça e primatas não-humanos são os principais hospedeiros, mas aves silvestres e roedores também podem ser infectados. Outros insetos como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus também podem abrigar o vírus.

Sintomas e quadro clínico

Os sintomas da febre do Oropouche são semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia. Segundo o Ministério da Saúde, o quadro clínico agudo se manifesta com febre súbita, cefaleia, mialgia e artralgia, podendo incluir tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. Em casos mais graves, especialmente em pacientes imunocomprometidos, pode haver acometimento do sistema nervoso central, levando a meningite asséptica e meningoencefalite, além de manifestações hemorrágicas como petéquias, epistaxe e gengivorragia. Até 60% dos pacientes podem apresentar recidiva dos sintomas após uma ou duas semanas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da febre do Oropouche é feito através de critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Todos os casos confirmados devem ser notificados, devido ao potencial epidêmico e à alta capacidade de mutação do vírus. Não há tratamento específico; a recomendação é repouso, tratamento sintomático e acompanhamento médico. Em caso de sintomas suspeitos, é crucial procurar ajuda médica imediata e informar sobre a possível exposição ao vírus.

Medidas preventivas

Para prevenir a febre do Oropouche, o Ministério da Saúde recomenda evitar áreas de ocorrência da doença e minimizar a exposição a picadas de vetores, utilizando roupas que cubram o corpo e repelentes, além de manter terrenos e locais de criação de animais limpos. Telas de malha fina em portas e janelas também são recomendadas.

Transmissão vertical e microcefalia

Recentes estudos indicam a possibilidade de transmissão vertical do vírus da febre do Oropouche. Em junho, o Instituto Evandro Chagas detectou anticorpos contra o vírus em quatro recém-nascidos com microcefalia, embora ainda não haja comprovação de causalidade direta. Em julho, foi identificado material genético do vírus em amostras de sangue de cordão umbilical, placenta e diversos órgãos fetais de um caso de óbito fetal com 30 semanas de gestação, sugerindo a transmissão vertical. O Ministério da Saúde continua investigando para confirmar essa via de transmissão e suas consequências.

A situação exige atenção contínua das autoridades de saúde para monitorar e controlar a disseminação do vírus, prevenindo novos surtos e protegendo a população.

 

 

 

 

Destaques