Energia elétrica terá aumento em setembro com bandeira vermelha

Escassez de chuva, clima seco e temperaturas altas explicam decisão

Por Plox

02/09/2024 18h50 - Atualizado há 25 dias

Consumidores de todo Brasil devem ficar atentos aos gastos com energia elétrica. Pela primeira vez, em pouco mais de três anos, foi acionada a bandeira vermelha patamar 2. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão de escassez de chuvas e o clima seco com temperaturas altas motivaram o acionamento de usinas térmicas, aumentando os custos da operação do sistema elétrico. E como economizar? Veja as dicas na Live.


O anúncio da Aneel, feito na sexta-feira (30), sinaliza maiores custos para a geração de energia elétrica. A conta é a seguinte: as faturas de todos os clientes das distribuidoras brasileiras deste mês, com vencimento em outubro, contarão com acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Esta é a primeira vez em pouco mais de três anos que a bandeira vermelha patamar 2 é acionada, a última foi em agosto de 2021. Uma sequência de bandeiras verdes foi iniciada em abril de 2022 e interrompida apenas em julho de 2024 com bandeira amarela, seguida de bandeira verde em agosto.

Foto: Flickr / R. del Negro

 

Com a previsão de chuva abaixo da média no próximo mês, o volume de água nos reservatórios das hidrelétricas do país também deve ficar cerca de 50% abaixo da média. “Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o país, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais”, explicou a Aneel.

Criadas em 2015 pela Aneel, as bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica. Divididas em níveis, as bandeiras indicam quanto está custando para o SIN gerar a energia usada nas casas, em estabelecimentos comerciais e nas indústrias, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.
As cores verde, amarela ou vermelha (nos patamares 1 e 2) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração, sendo a bandeira vermelha a que tem um custo maior, e a verde, sem custo extra.

 

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil


Confira dicas de economia de energia para dias de temperaturas elevadas
Setembro deve trazer novas ondas de calor ao Brasil, de acordo com o setor de Meteorologia da Cemig. Associadas à falta de chuvas em Minas Gerais, as altas temperaturas podem ocasionar aumento do consumo de energia, principalmente com o objetivo de refrescar o ambiente. Desta forma, a Cemig destaca algumas medidas que podem auxiliar na economia com equipamentos como aparelhos de ar-condicionado, ventiladores e climatizadores.
De acordo com área especializada da companhia, a massa de ar quente e seco continua forte em Minas Gerais, provocando valores abaixo de 20% na umidade relativa do ar em praticamente todo o estado, mas próxima dos 10% nas regiões Norte, Central e Triângulo. O ápice das temperaturas, nesta semana, deve ocorrer entre quarta e quinta-feira.
Já as temperaturas sobem em quase todo o estado, com máximas de 38°C no Triângulo e no Norte, 34°C no Leste e 33°C na Região Central, enquanto na Zona da Mata e no Sul de Minas chegam aos 32°C. Na região Metropolitana de Belo Horizonte haverá o predomínio de céu claro, temperatura máxima de 33°C e umidade relativa do ar mínima abaixo dos 15%.
Por causa desse clima favorável às queimadas, com falta de chuva e a baixa umidade do ar, a companhia continua registrando ocorrências de falta de energia em todo o estado. De acordo com levantamento da Cemig, somente nos sete primeiros de 2024, mais de 205 mil clientes da companhia tiveram o fornecimento de energia interrompido em ocorrências relacionadas a incêndios. O número de unidades consumidoras foi quase quatro vezes superior ao mesmo período do ano anterior.

 

Dicas para economizar
O engenheiro de Eficiência Energética da Cemig, Thiago Batista, destaca que o ar-condicionado tem uma potência elevada e funciona de forma similar à geladeira, só que retirando o ar quente do ambiente. Por isso, recomenda que o consumidor fique atento ao tempo de utilização. Para quem pensa em adquirir um aparelho desse tipo, vale outra dica: o ideal é comparar os dados indicados pela etiqueta do Inmetro e escolher aqueles com a classificação “A”, pois são os mais eficientes.
“Para as residências, existem dois modelos: o do tipo janela (menos eficiente) e o Split, que é mais eficiente. Na aquisição de qualquer um deles deve-se dar preferência para aqueles cuja etiqueta indique o consumo anual provável e multiplicar pela tarifa de energia encontrada na conta de luz. Dessa forma, o consumidor terá uma boa ideia do quanto cada equipamento ‘gastará’ no ano, pois esse consumo foi padronizado para uma utilização típica no país”, afirma.
Thiago destaca uma vantagem dos modelos split: segundo ele, este tipo de aparelho tem opções com tecnologia ‘inverter’, que é ainda mais eficiente, pois trabalha na medida certa para manter a temperatura ajustada.
O especialista lista outras dicas de economia para o uso adequado dos aparelhos de ar-condicionado. “É importante manter o ambiente fechado; colocar cortinas ou persianas para evitar a incidência de luz solar; manter a temperatura em 23 ou 24 graus – que é a temperatura de conforto. Essas ações contribuem para a utilização dos aparelhos de forma consciente e aproveitando seus benefícios”, afirma.

 

 

Mais em conta
Entre as alternativas para aliviar a temperatura do ambiente, o ventilador é o mais popular, uma vez que geralmente é o aparelho mais em conta para se adquirir. Além disso, esse equipamento possui a menor potência dentre as opções. Segundo o engenheiro da Cemig, mesmo consumindo menos energia, o cliente deve ficar alerta para o tempo de utilização do ventilador.
“O consumo de energia depende de duas variáveis: potência dos equipamentos em watts (W) e tempo de utilização (em horas). Para utilizar corretamente a energia, deve-se atuar nessas duas variáveis. Por isso, mesmo que o ventilador tenha uma potência menor, se o aparelho ficar por longo período ligado, o cliente poderá ter um aumento significativo na conta de energia.
Como este equipamento também possui a etiqueta com o consumo de energia, bastará multiplicar o consumo indicado nela pela quantidade de horas de utilização diária – neste caso, o cliente encontrará o valor em reais para aquele dia de utilização”, explica o engenheiro. Sobre a utilização do ventilador, ele acrescenta: “Já no uso do ventilador, o cliente deve deixar a casa o mais ventilada possível, abrindo portas e janelas para que o ar circule e refresque o ambiente – é justamente o contrário do ar-condicionado!”.

 

 

Foto: Divulgação / Cemig

Geladeira e chuveiro
Estudos indicam que a geladeira é o segundo equipamento que mais consome energia em uma residência, principalmente, pelo seu tempo de uso e por causa do “abre e fecha”. Além disso, é importante lembrar que alimentos ainda quentes não devem ser armazenados no eletrodoméstico, pois isso fará o motor do refrigerador funcionar por mais tempo, consequentemente, aumentando o consumo de energia.
Uma orientação simples indicada pelo especialista é que os clientes verifiquem o estado da borracha de vedação de refrigeradores e ajustem o termostato desses equipamentos, considerando que a temperatura do ambiente está mais alta. Se as portas não estiverem fechando corretamente, a geladeira (ou o freezer) gastará mais energia para resfriar os alimentos.
“Para saber se a borracha de vedação está em bom estado, faça o seguinte teste: coloque uma folha de papel entre a porta e a geladeira, feche a porta e tente retirar a folha, se ela sair com facilidade, está na hora de trocar a borracha. Repita o teste em vários pontos da porta da geladeira”, completa.
Mas, se o consumo de energia tende a subir com equipamentos de refrigeração do ambiente, as altas temperaturas trazem uma grande oportunidade de economia. O chuveiro elétrico, que é o equipamento que mais consome energia nas residências, pode ter a potência reduzida drasticamente nesta época do ano.
“Ao colocar a chave do chuveiro na posição verão, as pessoas podem ter economia de, aproximadamente, 30% do consumo do aparelho ligado em sua potência máxima. Mas, mesmo assim, é importante que o tempo de uso seja mantido, pois não adianta diminuir a potência do equipamento e aumentar o tempo de banho”, alerta Thiago.
 

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