Fenômeno climático La Niña pode alterar clima no Brasil nos próximos meses
Organização Meteorológica Mundial alerta para retorno do La Niña ainda neste trimestre, com impacto em chuvas e temperaturas
Por Plox
02/09/2025 09h34 - Atualizado há cerca de 10 horas
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou nesta terça-feira (2) que há chances do fenômeno La Niña retornar entre setembro e dezembro deste ano, o que poderá provocar mudanças significativas nos padrões climáticos globais, incluindo no Brasil.

A última ocorrência do La Niña foi registrada entre dezembro de 2024 e março de 2025. Esse fenômeno, que faz parte da variabilidade natural do clima, está associado ao resfriamento das águas do oceano Pacífico na linha do Equador. Em contraste com o El Niño, ele costuma provocar queda temporária nas temperaturas globais.
De acordo com a OMM, apesar da possível volta do La Niña, o mundo deve continuar registrando temperaturas acima da média, devido aos efeitos prolongados das mudanças climáticas provocadas por ações humanas. A combinação dos fenômenos naturais com o aquecimento global tem dificultado o resfriamento significativo do planeta, mesmo com a presença do La Niña.
No Brasil, esse cenário costuma alterar o regime de chuvas, favorecendo maior precipitação nas regiões Norte e Nordeste, e redução no volume de chuvas no Sul e Centro-Oeste. As temperaturas tendem a cair em várias áreas do país durante a atuação do fenômeno.
Desde março deste ano, as condições climáticas têm permanecido neutras, ou seja, sem influência direta do El Niño ou do La Niña. No entanto, os últimos modelos climáticos dos Centros Globais de Produção para Previsão Sazonal da OMM indicam 55% de probabilidade de resfriamento das águas do Pacífico para níveis compatíveis com o La Niña entre setembro e novembro. Essa chance aumenta para 60% no trimestre seguinte, de outubro a dezembro.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, ressaltou a importância das previsões sazonais como ferramenta de inteligência climática. Segundo ela, esses dados contribuem para a economia de milhões de dólares em setores estratégicos como agricultura, energia, saúde e transportes, além de salvarem vidas ao orientar ações preventivas.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) também divulgou, em agosto, que há 56% de chance de continuidade das condições neutras até outubro, seguidas por um breve episódio de La Niña no início do verão, com retorno à neutralidade logo em seguida.
O La Niña é caracterizado por um resfriamento em grande escala das águas do Pacífico Equatorial central e oriental, o que altera a circulação atmosférica, influenciando ventos, pressão e padrões de precipitação.
Apesar de seus efeitos serem normalmente opostos aos do El Niño, ambos ocorrem em um cenário mais amplo de crise climática, o que pode intensificar eventos extremos e modificar os padrões sazonais em diversas partes do mundo.
A OMM alerta que, mesmo com a possibilidade da volta do La Niña, as temperaturas devem continuar acima da média em muitas áreas dos hemisférios Norte e Sul entre setembro e novembro. Quanto às chuvas, as projeções são similares ao que se observa em episódios moderados do fenômeno.