Oposição pressiona por anistia enquanto julgamento de Bolsonaro começa no STF
Articulação entre oposição e centrão busca pautar proposta na Câmara, mas PT alerta para 'interferência abusiva' no Supremo
Por Plox
02/09/2025 13h23 - Atualizado há 3 dias
No mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado, a oposição intensificou a pressão na Câmara dos Deputados para colocar em votação o projeto de anistia.

A movimentação ganhou corpo na manhã desta terça-feira (2), em reunião convocada pelo líder da oposição, Zucco (PL-RS). Parlamentares viram no início do julgamento o momento certo para reforçar a cobrança sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que a proposta entre na pauta.
Entre os que manifestaram apoio à medida estão líderes do centrão. Antonio Rueda, dirigente do União Brasil, e Ciro Nogueira, presidente do PP, se encontraram para alinhar posições. Também aderiram à articulação o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Essa união entre oposição e centrão deve repercutir diretamente na reunião do colégio de líderes marcada para as 14h, sob comando de Hugo Motta. Enquanto isso, a ala governista se posiciona contra. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), classificou a tentativa como uma manobra que não deve prosperar.
\"Qualquer votação de anistia agora é interferência direta no julgamento do Supremo. A oposição pode querer, mas não é razoável. O presidente da Câmara tem responsabilidade, e uma interferência é, para nós, inegociável\"
, afirmou Lindbergh.
O petista acompanhava a sessão no STF quando recebeu uma ligação de Hugo Motta, solicitando sua presença na residência oficial da Câmara antes do encontro com os demais líderes. \"Vou agora [para a reunião] porque estamos preocupados com a pauta da semana. Sabemos que tem pressão por parte da oposição\", disse o deputado.
O embate evidencia a tensão entre os blocos políticos em Brasília. De um lado, oposição e centrão se organizam para aprovar a anistia; do outro, a base governista sustenta que qualquer movimentação nesse sentido seria uma afronta direta ao Supremo Tribunal Federal, que conduz o julgamento de Bolsonaro e seus aliados.