Tereza Cristina alerta para possível retaliação dos EUA ao Brasil

Durante uma conversa com o jornal Folha de S.Paulo, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) levantou preocupações sobre possíveis represálias comerciais dos Estados Unidos contra o Brasil. Segundo ela, autoridades americanas mencionaram que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciado nesta terça-feira (2), pode influenciar negativamente as relações comerciais entre os países.

A senadora, que também atuou como ministra da Agricultura, relatou que durante uma visita oficial a Washington, em julho, ouviu de representantes próximos à Casa Branca que questões políticas internas poderiam interferir diretamente nas tratativas econômicas. Ela destacou que interlocutores no governo americano enxergam Donald Trump como vítima de uma perseguição semelhante à que Bolsonaro estaria enfrentando.

“Por onde nós conversamos, diziam o seguinte: que o presidente Trump se vê na mesma condição em que hoje está o presidente Bolsonaro, de perseguido. Ele se enxerga nesta condição e ele colocou essa imposição política”,

afirmou Tereza Cristina. Ela ressaltou ainda que a tensão pode ter reflexos na lista de produtos brasileiros que estavam isentos da tarifa extra de 50%, agora sob ameaça de nova taxação.A senadora responsabilizou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelo clima tenso com os Estados Unidos, argumentando que houve falta de articulação e diálogo com as autoridades de Washington. Além disso, criticou a reação pública de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) às medidas adotadas pelos norte-americanos, indicando que sua conduta teria sido diferente:

“Eu jogo pelo Brasil”

, declarou.

A parlamentar também usou a ocasião para defender o afastamento definitivo do Partido Progressistas (PP) da base do governo federal. Ela sugeriu que a sigla deveria devolver os cargos que ocupa atualmente, como o comando do Ministério do Esporte e da Caixa Econômica Federal. “Eu acho que a gente precisa começar a colocar as coisas nos seus devidos lugares. Quem é oposição é oposição mesmo, quem é da base é da base. O eleitor precisa saber quem nós somos”, frisou.

Pensando nas eleições de 2026, Tereza Cristina ponderou que o momento ainda não é apropriado para falar de candidaturas, especialmente com o julgamento de Bolsonaro em andamento. No entanto, ela mencionou nomes que acredita serem relevantes para o cenário da direita, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Jr., e cobrou deles uma apresentação clara de projetos de governo.

Apesar de admitir o desejo de concorrer como vice-presidente, a senadora afirmou que a prioridade deve ser a definição do nome principal da direita. “Dizer que eu não gostaria não é verdade. Eu estaria aqui sendo falsa. Mas eu gostaria de ser vice de quem? Quem é o candidato? Eu nunca soube que tinha eleição para vice. Tem eleição para presidente”, concluiu.

Por fim, foi anunciado que na próxima sexta-feira, 5 de setembro, o programa Pleno Time fará uma edição especial chamada “Esquenta da Independência”, que será transmitida ao vivo no canal do Pleno.News no YouTube, das 12h às 17h. Entre os mais de 15 convidados confirmados estão Michelle Bolsonaro, Silas Malafaia e Deltan Dallagnol.