Casos de intoxicação por metanol crescem e apreensões ultrapassam 17 mil garrafas

Uma crescente onda de intoxicações por metanol tem acendido o alerta das autoridades de saúde no Brasil. Até o dia 1º de outubro, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) registrou 43 notificações em todo o país, sendo a maioria concentrada no estado de São Paulo.

Dentre os registros paulistas, 10 foram confirmados como resultado da ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas, enquanto outros 29 seguem em investigação. Em Pernambuco, quatro ocorrências estão sendo apuradas. Ao todo, uma morte foi oficialmente confirmada, também em São Paulo. Outras sete mortes estão sendo analisadas: cinco no estado paulista e duas no pernambucano.

As ações de fiscalização têm sido intensificadas. Na capital paulista, quatro bares localizados nos bairros da Mooca, Itaim Bibi, Jardins e Bela Vista foram interditados. Já na região metropolitana, os alvos foram estabelecimentos em São Bernardo do Campo e Barueri. Além disso, uma distribuidora teve a inscrição estadual suspensa, e outras três seguem sob análise das autoridades.

No que diz respeito às apreensões, os números são expressivos: mais de 17 mil garrafas foram recolhidas em Americana, onde duas pessoas foram presas. Em Barueri, 128 mil garrafas de vodca, ainda lacradas, estão sob avaliação documental. Na cidade de São Paulo, 802 garrafas foram confiscadas — 660 em distribuidoras e 142 em bares. Já em Mogi das Cruzes, 80 garrafas suspeitas foram apreendidas em uma adega.

O metanol é um líquido inflamável, incolor e com cheiro semelhante ao de bebidas alcoólicas comuns, o que torna sua presença em bebidas falsificadas especialmente perigosa. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), trata-se de um composto orgânico da família dos álcoois, geralmente utilizado na produção de biodiesel.

Os riscos à saúde são severos. A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com a substância pode provocar sintomas como náuseas, tontura, cegueira e, em casos graves, levar à morte.

\"Mesmo pequenas quantidades podem causar intoxicação grave\", alerta a ANP.

Além dos efeitos no corpo humano, o metanol pode gerar explosões e incêndios quando mal manuseado. Quando utilizado em excesso na adulteração de combustíveis como gasolina ou etanol, também representa ameaça direta a motoristas e passageiros, podendo danificar motores e causar acidentes.

O Procon-SP, em resposta aos recentes episódios, lançou um canal direto em seu site para denúncias de adulteração de bebidas. A polícia e órgãos de fiscalização seguem trabalhando para identificar e punir os responsáveis, enquanto reforçam o alerta à população sobre os riscos associados ao consumo de bebidas de procedência duvidosa.